Os 18 bustos de personalidades maranhenses que são referência cultural e urbanística da Praça do Pantheon, localizada no Complexo Deodoro, no Centro de São Luís, foram restaurados e entregues pela Prefeitura de São Luís, por meio do Instituto Municipal da Paisagem Urbana (Impur) e Fundação Municipal do Patrimônio (Fumph), na última terça-feira (27). Na ocasião, o prefeito Eduardo Braide também entregou mais sete bustos, sendo seis de novas personalidades e uma reposição de uma das estátuas que havia sido roubada em 2005. O espaço conta, agora, com 25 estátuas de nomes relevantes da intelectualidade do Estado e que dão aos moradores da cidade e visitantes, uma noção da riqueza cultural da capital maranhense que este mês celebra 410 anos de fundação.
“Mais um presente para nossa cidade neste mês de celebrações. Hoje entregamos os bustos que foram restaurados e os novos que já deveriam estar aqui por suas importâncias para nossa cultura. São nomes que marcam nossa história, não só de São Luís, mas do Maranhão e do Brasil. Com a recolocação, a população pode conhecer mais sobre cada um e ainda sobre o legado deixado por estes intelectuais. Por isto mesmo, pedimos à população que cuide deste patrimônio”, disse o prefeito Eduardo Braide, ressaltando que haverá um reforço de fiscalização da Guarda Municipal, bem como a participação da Polícia Militar para evitar atos de vandalismo das peças como ocorreu no passado.
Os 18 bustos foram retirados da Praça do Patheon pelo Instituo Municipal da Paisagem Urbana (Impur), no fim do ano passado, com a finalidade de passarem por obras de restauração e conservação. Os serviços realizados foram lavagem, desengorduramento e halogenização que consiste em banho metais que garante mais longevidade e resistência às peças, visto que estas ficam expostas às intempéries.
Passaram por estes procedimentos os bustos de Clodoaldo Cardoso, Gomes de Sousa, Henriques Leal, Arthur Azevedo, Urbano Santos, Dunshee de Abranches, Nascimento de Morais, Gomes de Castro, Bandeira Tribuzi, Maria Firmina, Arnaldo de Jesus Ferreira, Ribamar Bogéa, Coelho Neto, Raimundo Corrêa, Raimundo Teixeira, Raimundo Corrêa de Araújo, Silva Maia e Josué Montello.
Já as novas estátuas, confeccionadas pelo escultor maranhense Eduardo Sereno, são de Humberto de Campos, que foi reposto visto que o primeiro foi roubado em 2005, e ainda mais seis intelectuais: Nascimento de Morais Filho, Celso Magalhães, Jomar Moraes, Sousândrade, Aluísio Azevedo e Ferreira Gullar.
A neta do escritor Nascimento de Moraes Filho e bisneta de Nascimento de Moraes, Natércia Moraes Garrido, participou da solenidade e destacou a emoção de ter o bisavô e o avô integrando o mesmo espaço. “Em nome da família falo que estamos muito emocionados em recebermos este presente no ano do centenário do meu avô. Esta homenagem soma-se a outras que faremos este ano. Encontramos um apoio muito grande do prefeito Eduardo Braide. Trata-se de um conjunto de esforços para que a homenagem seja feita”, disse.
O presidente do Impur, Walber Filho, explicou que foi mudada a forma de fixação das estátuas que antes eram apenas coladas e agora estão cravadas e parafusadas nos seus pedestais fazendo com minimize a possibilidade de vandalismo destas peças. “Os bustos retornam à Praça do Pantheon depois de um trabalho de conservação feito pela Prefeitura de São Luís que também presenteia a cidade com novos nomes da nossa cultura. O trabalho realizado, em especial o banho de metais, dá uma longevidade a cada um. Além disto, com a nova forma de fixação, esperamos diminuir o vandalismo”, destacou o presidente do Impur.
Homenageados
Os novos nomes homenageados foram escolhidos pela Academia Maranhense de Letras (AML). Pela Lei n.º 3.697, de 20 de abril de 1998, cabe à AML a colocação de qualquer novo busto na praça. Segundo a lei, a AML indica ao Executivo Municipal os nomes dos que deverão ali ser homenageados, considerando a história e secular contribuição maranhense às letras, às artes, à ciência e à política brasileira.
Sobre o processo de escolha dos novos homenageados, o presidente da AML, Lourival Serejo, explicou que foi pautado pela notabilidade dos intelectuais. “A contribuição que cada um deu à cultura e literatura maranhense fez com que pudessem ser homenageados de forma que cada pessoa que passe relembre o trabalho deles e tudo o que fizeram. A volta dos bustos mostra que a Prefeitura está sensibilizada com nossos propósitos culturais e isto é muito importante para a cidade”, disse.
A legislação também designa a Praça do Pantheon como local de homenagem póstuma, oficial e permanente àqueles que tenham prestado relevante contribuição às letras e às artes no Maranhão. “Cabe à AML definir os nomes dos homenageados e hoje entregamos seis novos bustos cujas trajetórias artísticas falam por si. Todos estes agregam grande valor ao pantheon”, disse a presidente da Fumph, Kátia Bogéa.
Para a estudante de enfermagem Akira Luana, a Praça do Pantheon está completa com a volta dos bustos. “Era uma tristeza passar por aqui e não ver as estátuas. Elas contam a história da cidade e agora estão de volta. Isto é muito importante porque é parte da nossa história”.
Praça
A Praça do Pantheon faz parte do Complexo Deodoro, que engloba ainda a Praça Deodoro e as alamedas Gomes de Castro e Silva Maia, no Centro de São Luís. O logradouro ganhou a atual denominação em sessão da Câmara Municipal de 29 de março de 1954, por sugestão do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM).
No passado, funcionou no local o Quartel Militar do 5º Batalhão de Infantaria, que foi construído entre 1793 e 1797, em uma região conhecida como Campo do Ourique. A construção ocupava o espaço onde hoje se localizam a Praça do Pantheon, a Biblioteca Pública Benedito Leite e o Sesc. Com a demolição do Quartel, no final da década de 30 (e sua transferência para o bairro do João Paulo, em 1941), foi construída a Biblioteca Pública Benedito Leite, em 1950.
Outras denominações também foram dadas para o logradouro, como Largo do Quartel (área da frente), que mais tarde passou a se chamar Praça da Independência (1868); e Largo da Pirâmide (área posterior), no local onde foi construído o obelisco da Pedra da Memória (1844), em homenagem à coroação de D. Pedro II, e que foi transferido para a Avenida Beira-mar, em 1946.
Estiveram presentes à solenidade a vice-prefeita, Esmênia Miranda, os secretários Igor Almeida (Secom), Saulo Santos (Setur), Liviomar Macatrão (Semapa), Marco Duailibe (Secult), além do presidente da Fundação Nagib Haickel, Joaquim Haickel, a presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Dilercy Adler, além de intelectuais e autoridades.