A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa recebeu, na manhã desta quinta-feira (30), uma comitiva de
familiares de crianças que teriam sido vítimas de pedofilia.
Na Sala de Comissões da Casa Legislativa, quatro
mães denunciaram o Pastor Raimundo Teodoro Pereira Filho, da Igreja Batista da
Restauração do Planalto Pingão. Todas as menores eram meninas e tinham entre 9
e 13 anos. As mães, que não quiseram se identificar, apresentaram relatos da
convivência das crianças com o pastor e das moléstias.
“Uma pessoa nos trouxe a informação que o Pastor
era pedófilo, a partir de então começamos a observá-lo melhor. Dentro da minha
casa, minha filha foi violentada. Hoje ela tem 16 anos, na época tinha 13,
quando perguntei a Lea o que teria acontecido, ela revelou que o Pastor a levou
para o quarto e tocou no seio dela. Quando a menina se levantou e saiu de perto
dele, após uns minutos ela voltou e ele disse que tinha testado a garota, para
saber se ela tinha a Pomba Gira”, denunciou uma das mães.
Muito emocionada com o depoimento, a mãe revelou
que a Igreja tinha um sítio no Parque Jair, onde eram para ser realizadas
atividades de oração e recreativas dos fiéis. “Ele levava as meninas para esta
chácara e depois abusava das crianças. Quantas crianças não foram assediadas no
local? Era rotina para nós, ele sempre pegava as garotas em casa. Não queremos
vingança, queremos apenas justiça”, afirmou a mãe.
Os familiares das menores denunciaram o caso a
Delegacia de Proteção a Criança e Adolescentes (DPCA), as investigações
começaram e o Ministério Público já está ciente. De acordo com as mães, as 5
crianças passaram pelos exames periciais cabíveis e ficou confirmado o abuso
sexual.
O processo foi aberto na DPCA, no dia 04 de junho,
e após o encerramento do inquérito a Delegacia encaminhou o processo ao
Ministério Público. A reclamação das famílias é pela morosidade na condução do
caso.
“O pastor está solto por aí, impune. Outras
crianças podem estar sendo vítimas das atrocidades dele. Outras famílias podem
passar pelo que estou passando agora. A justiça precisa ser mais ágil esta
figura não pode ficar circulando, a DPCA confirmou que ouve abuso, não sei o
que falta para ele ser preso?”, questionou uma mãe.
Após a abertura de inquérito na DPCA o Pastor foi
expulso da Igreja em uma Assembleia composta pelos fiéis. Segundo as famílias
das vítimas, a esposa do Pastor, a também Pastora Vildevania Pereira sabia dos
casos e acobertava os abusos do marido.
O deputado Bira do Pindaré se mostrou perplexo com
a violência cometida pelo Pastor e garantiu que fará tudo que for possível para
auxiliar as investigações e as famílias. “Nós temos a obrigação, como Poder
Legislativos e na minha condição como presidente da Comissão de Direitos
Humanos, de cobrar respostas das instituições. Não posso me calar diante disso.
Eu sou pai de duas filhas adolescentes, uma de 12 e uma de 15 anos, e não
consigo imaginar qual seria a minha reação se isso tivesse acontecido com uma
delas”.
A Comissão de Direitos Humanos não tem poder de
investigação. Não funciona como uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI),
mas tem como atribuição, servir como uma linha auxiliar nas investigações. Bira
garantiu que cobrará a DPCA e o Ministério Público providências a respeito do
caso e a celeridade do inquérito.
“Vou conversar pessoalmente com essas autoridades.
Aqui não há uma CPI instalada, nós não temos a possibilidade de inquirir sobre
a temática, mas nós temos a obrigação de cobrar responsabilidade de quem tem a
competência original de apurar condutas dessa natureza”, concluiu.