Nesta semana, o juiz Alessandro Arrais Pereira, proferiu uma sentença na
qual condena o acusado Martins da Conceição à pena de 32 anos e seis meses de
prisão por estupro contra a própria filha, M. D. R.
S., desde quando ela tinha menos de 14 anos de idade. De acordo com a sentença,
ele teria sete filhos com ela. Maria da Conceição Rodrigues, esposa de Martins,
foi absolvida das acusações.
Consta na denúncia do Ministério Público que os crimes imputados aos
acusados consistem no fato de que o primeiro denunciado, agindo de forma livre
e consciente, constrangeu sua filha à conjunção carnal, mediante violência
física e psicológica e grave ameaça, quando a vítima contava com menos de 14
(quatorze anos) de idade, além de privar a aludida vítima de sua liberdade
mediante sequestro e cárcere privado (também físico e moral) e de expor a
perigo a saúde (maus tratos) desta e de sete menores.
Relata o MP que os fatos só vieram ao conhecimento público por causa de uma
denúncia anônima ofertada ao Conselho Tutelar de que na fazenda Ipanema, em
Riachão, havia um pai que abusava sexualmente de sua própria filha há vários
anos e, inclusive, com ela já teria sete filhos, o que foi imediatamente comunicado
à autoridade policial.
Expõe a denúncia que, realizando diligência até o local, a polícia e o
Conselho Tutelar, encontraram o local (distante, quase inacessível) onde o
primeiro denunciado residia (zona rural), onde foi constatada situação de
extrema pobreza, até mesmo com várias crianças privadas de saúde, educação,
moradia e dos demais direitos necessários ao desenvolvimento. Ali se encontrava
também a vítima M.D.R.S. (mãe das crianças, que se comportou de forma tímida e
desconfiada) e a segunda denunciada, Maria Rodrigues da Silva, mãe da vítima.
Todos foram conduzidos até a Delegacia de Polícia para melhor averiguação do
caso.
Embora muito temerosa em um primeiro depoimento, a vítima (após contar a
situação de penúria e de total desconhecimento e contato com o mundo exterior,
acabou, num segundo momento, quando inquirida pela autoridade policial acerca
dos abusos sexuais sofridos, por revelar que o primeiro homem que a abusou
sexualmente foi seu tio, atualmente falecido, e depois Martins da Conceição.
Desde então, ela afirmou que vem sendo abusada sexualmente por ele (seu
próprio pai), o primeiro denunciado, confirmando que ele é o genitor de seus
sete filhos, ou seja, as crianças são filhas-netas de Martins.
“(…) Do seu modo, interrogado em sede policial, o denunciado
Martins da Conceição, friamente confessou que abusou sexualmente de sua filha
desde criança e as relações sexuais que mantinha com ela durante todo esse
tempo resultaram no nascimento de 07 (sete) crianças, tendo a vítima engravidou
pela primeira vez quando tinha apenas 15 (quinze) anos de idade. Igualmente,
confessou que sempre privou a vítima e seus filhos/netos de liberdade,
alimentação, saúde, educação e moradia digna, e que a segunda denunciada tinha
plena consciência de todas as condutas delituosas praticadas por ele
(…)”, destaca a denúncia.
Pena
Ao acusado foi imposta a pena de 25 anos de reclusão aplicada ao crime
de estupro continuado, mais a pena de 7 anos e seis meses de prisão relativos
aos crimes de sequestro e cárcere privado, resultando em pena total de 32 anos
e seis meses de prisão, pena a ser cumprida em regime fechado na Penitenciária
de Balsas.
Réu em liberdade
Considerando que, em decisão fundamentada já colacionada nos autos, em
virtude da grave situação de saúde do réu Martins da Conceição, atualmente
agraciado pela substituição da prisão preventiva por cautelar de prisão
domiciliar, o processado poderá apelar em liberdade.