Ex-prefeito
emitiu nota pública ontem em que confirma candidatura a deputado federal e
declara: “O partido tem o veto, mas o voto é do povo.”
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Castelo e Sebastião Madeira. |
O Estado – O
PSDB chega hoje à sua convenção eleitoral em clima de absoluta divisão entre
suas lideranças. Em primeiro nas pesquisas de intenção de votos, ex-governador,
ex-senador e ex-prefeito da capital maranhense – principal liderança do
partido, portanto – João Castelo foi, mesmo assim, vetado em sua pretensão de
disputar o Senado.Ontem, ele revelou em “carta ao Povo Maranhense’, o que pensa
da decisão dos líderes partidários e da aliança com o comunista Flávio Dino.
A
própria decisão de levar para Imperatriz a convenção eleitoral é vista como um
sintoma da divisão partidária no PSDB. Castelo tem importante cacife na capital
maranhense, o que poderia constranger os líderes partidários que já negociaram
o apoio ao PCdoB – incluindo o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira,
anfitrião do encontro. A estratégia de levar o evento para a Região Tocantina
tem o objetivo de esvaziar a força do ex-prefeito.
A
crise no PSDB começou com a decisão do presidente da legenda, Carlos Brandão,
de ser vice na chapa de Flávio Dino. Orientado pelo seu padrinho político,
ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), interessado em suas bases eleitorais
de deputado federal -, Brandão articulou o veto a Castelo, mesmo com todas as
pesquisas apontando suas possibilidades de vitória para o Senado.
O
veto a Castelo teve a influência também do senador Aécio Neves (MG) candidato
do
PSDB
a presidente, que recebeu o apoio de Flávio Dino no maranhão, em troca do tempo
da legenda na propaganda eleitoral. Aécio orientou pessoalmente os votos contra
Castelo no encontro da Executiva do partido, numa aliança com o candidato
comunista, que não queria o ex-prefeito na disputa.
Mas
o próprio Castelo também contribuiu para o seu veto. Seu nome sempre apareceu
bem posicionado nas pesquisas de intenção de votos, mas ele sempre fez questão
de dizer que iria disputar vaga na Câmara Federal. Só após a decisão da
governadora Roseana Sarney (PMDB), de não disputar nenhum mandato nestas
eleições, ele resolveu se insinuar à disputa, quando a oposição já havia
fechado em torno do vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB).
Mesmo
assim, o ex-prefeito acha que tem prerrogativas no PSDB para se candidatar.
Em
carta, tucano critica “decisão por conveniência”
O
ex-prefeito João Castelo emitiu “Carta ao povo do Maranhão” em que criticou o
veto à sua candidatura. Abaixo, os principais techos:
“Tenho
dedicado minha vida pública aos interesses do Maranhão. (…)
(…)
Neste ano de 2014, tenho sido convocado reiteradamente pela voz das ruas para a
disputa ao cargo de senador da República. As pesquisas (…) indicam o meu nome
como franco favorito para o Senado, com intenções de voto que me apontam com
mais que o dobro do segundo colocado. Ou seja, a maioria do eleitorado
manifesta claramente a vontade de me conduzir de volta ao Senado.
Não
obstante o anseio popular e as reais chances de vitória, o
PSDB,
partido pelo qual tenho lutado na defesa dos ideais da social democracia
brasileira, em reunião de sua Comissão Provisória (…) vetou o meu nome
impedindo-me de concorrer ao cargo de senador.
Embora
respeite o veto (..) reputo que a decisão do partido contraria a vontade
soberana do povo. O PSDB optou por indicar somente o candidato a
vice-governador numa coligação liderada pelo Partido Comunista do Brasil
(PCdoB).
O
veto não me desanima (…) O partido tem o veto, mas o voto é do povo. E, por
isso, serei candidato dos maranhenses a mais um mandato de deputado federal.Não
sou um político que se curva a pressões ou conveniências. (..) Não faço
concessões em nome da minha dignidade e da minha coerência. Digo e repito:
abaixo de Deus, quem me comanda é o povo, e a Ele devo tudo na vida. Seguirei o
meu caminho com fé e muita determinação para vencer.”