FORÇA, AUTOESTIMA E IDENTIDADE DA MULHER NEGRA FORAM DESTAQUES DA EXPOSIÇÃO DE AFROEMPREENDEDORAS MARANHENSES DA OAB/MA

A sede da Seccional Maranhense virou palco da força das mulheres negras na economia do estado. É que a OAB, através das Comissão da Verdade da Escravidão Negra do Brasil (CVENB) e da Comissão da Promoção da Igualdade Racial, realizou a Exposição de Afroeemprendedoras, evento que integrou a programação da última semana do Julho das Pretas.

A Ordem reconhece a importância e apoia o afroempreendedorismo, que é uma forma de reparação histórica por meio da geração de empregos e valorização da identidade negra na sociedade. Por isso, durante a Exposição, os representantes da Seccional aproveitaram para ouvir as principais dificuldades enfrentadas pelas afroempreendedoras no estado e se comprometeram em estudar projetos a fim de contribuir positivamente com o cenário das profissionais.

“Nosso objetivo com a exposição é exaltar as afroempreendedoras do Maranhão que, nessa pandemia, assim como boa parte da população, sofrem por conta de questões econômicas, mas o sofrimento da mulher negra é sempre mais agravado em virtude da cor da sua pele”, pontuou a presidente da CVENB, Margareth de Almeida.

E foi justamente no início da pandemia que Mariana Queen, de 25 anos, graduada em Direito e Mestranda em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão, passou a se dedicar ao cultivo de plantas e colocou em prática seus conhecimentos sobre cosméticos ecológicos. A partir daí, ela entrou no mercado da saboaria artesanal, do qual consegue ter sua renda com a loja on-line “Cheiro de Mato”.

“Hoje, eu não só produzo esses cosméticos, mas cuido da saúde do meu povo através deles. Essa é nossa primeira Exposição e fico muito feliz com o espaço dado pela OAB para dizer quem somos, o que fazemos e como trabalhamos. Eu não vou parar. Meu objetivo é crescer cada vez mais”, pontuou Mariana Queen, afirmando ainda que, futuramente, quando conseguir sua carteira da OAB, ela utilizará a advocacia para fortalecer seu trabalho.

A iniciativa de mulheres como Mariana Queen é uma verdadeira atitude de combate ao racismo e machismo presente no mercado econômico. Este foi um dos motivos que impulsionou a realização da Exposição. “A Feira não se limita a atender apenas consumidores negros, mas toda uma população, além de tirar da invisibilidade todas as pessoas que desejam empreender, que sempre foram discriminadas pelo mercado econômico”, pontuou o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial, Erik Moraes.

Além de ser uma forma das mulheres negras conquistarem uma fonte de renda, o afroempreendedorismo contribui para que o povo preto possa ter sua autoestima renovada através de produtos como os vendidos por Virgínia Diniz, proprietária da marca de acessórios “Coisas da Vida”. O nome da loja é em homenagem à filha da empreendedora, que se chama Vida, e, ao mesmo tempo, tem o significado ligado ao cotidiano das pessoas negras.

“O significado e a autoestima que levei para minha filha, estou levando para outras meninas e mulheres negras através do meu trabalho. Por isso, comecei a estudar sobre a autoestima do povo negro em relação ao cabelo. Vi que precisava de mais acessórios para fortalecer essa pauta. É um sonho que abracei de forma poderosa”, contou Virgínia, informando que, hoje, a Coisas da Vida possui loja física, site, redes sociais e ocupa espaços em feiras e exposições. A marca vende ainda para todos os estados do Brasil.

A Exposição contou ainda com a presença do Instituto da Cor ao Caso, por meio da representante Luara Matos. O Instituto atua em instituições públicas e privadas, promovendo treinamentos de letramento racial e diversidade a fim de encontrar estratégias de inclusão de públicos e grupos minorizados dentro dessas organizações.

A afroempreendedora Teresa Crystina também esteve presente no evento. Há cinco anos, ela fundou o Crys Ateliê, espaço de personalização, customização e confecção de artigos afros. Hoje, 90% do sustento de Teresa vem do seu empreendimento.

Quem também pôde mostrar seu trabalho na Ordem Maranhense foi a Luciana Corrêa, mais conhecida como Preta Lu. Em 2015, Luciana montou a grife Blackzona, que surgiu da insatisfação de não ver o negro representado. Por ter trabalhado por um tempo na indústria, os produtos de Preta Lu são uma junção de modelos clássicos e da identidade negra, resultando em bolsas afro artesanais.

Para o Diretor-Tesoureiro da OAB, Kaio Saraiva, a Exposição prova o compromisso da Ordem com as afroempresendedoras. “Ao longo de todo o mês de julho, a OAB Maranhão realizou esse trabalho extremamente relevante não só para advocacia, mas para toda a sociedade. Nós temos um grande débito com as mulheres negras, por isso que reafirmamos, no dia de hoje, o compromisso da Ordem com as afroempreendedoras”, pontuou o Diretor-Tesoureiro.

A Exposição foi encerrada com chave de ouro com o show da cantora Anastácia Lia. Além da Diretoria da OAB Maranhão, diversos representantes de Comissões, advogadas e advogados que passaram pela Casa prestigiaram o evento. A programação do Julho das Pretas continua ao longo desta semana. Confira a agenda nos perfis oficias da CVENB.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *