MELLO FRANCO: SUPREMO SE CURVOU AOS CORONÉIS DO SENADO

O jornalista Bernardo Mello Franco criticou nesta sexta-feira, 13, a decisão do Supremo Tribunal Federal que cedeu ao Congresso a última palavra sobre o poder de afastar parlamentares do mandato.

“O Supremo Tribunal Federal não é mais tão supremo assim”, diz Mello Franco. “A decisão significa um alívio para a classe política ameaçada pela Lava Jato. Agora os investigados poderão se livrar da Justiça sem ter a obrigação de desmentir gravações, delações e malas de dinheiro. Basta manter o apoio da maioria dos colegas, que ganharam uma licença para salvar os amigos no plenário”.

Para o colunista, o Supremo se curvou aos coronéis do Senado. “Na semana passada, eles se rebelaram contra as medidas que o tribunal impôs ao tucano Aécio Neves. O motim convenceu a ministra Cármen Lúcia a negociar. O resultado da negociação é a vitória dos rebelados, com o apoio decisivo do governo e da presidente do Supremo”, diz Franco.

Mello Franco lembrou que em nome da conciliação, Cármen Lúcia sacramentou o novo recuo. “Ao desempatar o julgamento, ela disse que concordava com o relator Edson Fachin em ‘quase tudo’, mas cedeu ao Senado no essencial. Sua confusão ao explicar o próprio voto reabriu o debate no plenário e escancarou a divisão do tribunal”.

“Ao oferecer a Aécio a salvação que negou a Eduardo Cunha, o Supremo confirmou que suas decisões podem variar de acordo com a influência política do réu. O julgamento reforça a ideia de que a Justiça brasileira ainda segue a máxima de George Orwell em ‘A Revolução dos Bichos’: todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros”.

 

Folha de S. Paulo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *