Por que será que FHC foi contra a CPI da Petrobras?

Em março deste ano, quando a corrida presidencial
ainda esquentava, o ex-presidente Fernando Cardoso foi questionado sobre a
necessidade de uma CPI para investigar negócios da Petrobras.

Naquele momento, ele teve uma rara divergência com o
senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi o candidato tucano à presidência da
República. “Acho que o momento eleitoral não é o mais propício. Não sou
favorável a partidarizar”, disse FHC.

No entanto, ele fez questão de defender o modelo de
gestão implantado na empresa – foi no primeiro governo FHC que a Petrobras foi
dispensada de seguir a Lei de Licitações, a 8.666. “Nós transformamos
a Petrobrás em uma corporation, uma empresa, não uma repartição pública. Para
isso, tem que tirar a influência dos partidos. No governo anterior ao atual,
deu marcha à ré e o resultado está aí, com escândalo nos jornais” .

Aécio, no entanto, não seguiu a sugestão de FHC e
entrou com tudo na CPI da Petrobras, que teve como foco principal a discussão
sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Parlamentares governistas
levantaram histórias do governo FHC, como uma polêmica troca de de ativos com a
Repsol , mas o caso permaneceu abafado pelo silêncio dos
meios de comunicação conservadores.

Agora, no momento em que avançam as investigações da
Operação Lava Jato, dois personagens centrais, o lobista Fernando Soares,
conhecido como Fernando Baiano, e o gerente-executivo Pedro Barusco, disseram
que começaram a realizar negócios na Petrobras no governo FHC.

Baiano disse ter entrado na companhia em 2000, ou
seja, no segundo mandato do ex-presidente. Barusco, o servidor que recebeu
quase US$ 100 milhões em propinas, disse que começou a delinquir em 1996, bem
no começo do primeiro mandato de FHC.

Foi neste primeiro governo que o ex-presidente
aprovou a lei do petróleo, permitindo que a empresa contratasse sem licitações.
Em breve, o Tribunal de Contas da União levará uma discussão ao Supremo
Tribunal Federal para que a Petrobras volte a se submeter à 8.666.

Logo depois da sétima fase da Operação Lava Jato,
quando diversos empreiteiros foram presos, FHC se disse “envergonhado com
o que fizeram na Petrobras”. Barusco e Baiano vêm da era FHC.

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