Caso Décio: Envolvidos na morte do jornalista vão a júri popular em fevereiro

Julgamento
ocorre nos dias 3, 4 e 5 de fevereiro, em São Luís

Do G1 MA

Começa, na próxima semana, o julgamento dos 11 acusados de participação no
assassinato encomendado do jornalista Décio Sá, de 42 anos, ocorrido em abril
de 2012, em um bar na Avenida Litorânea, em São Luís. Os primeiros a sentar no banco
dos réus serão os executores do crime, o bacabalense Marcos Bruno Silva de
Oliveira, de 29 anos, apontado como piloto de fuga do assassino, e o próprio
autor confesso do homicídio, o pistoleiro paraense Jhonatan de Sousa Silva, de
25 anos, que responderão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e
formação de quadrilha.

Os dois vão a júri popular nos dias 3, 4 e 5 de fevereiro, no Salão do
Júri do Fórum Desembargador Sarney Costa, bairro Calhau, por decisão do juiz
Osmar Gomes dos Santos, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri, que afirma
estar tudo pronto para o julgamento. “Da parte do Poder Judiciário não há
nada pendente. Todo o aparato de segurança pública já foi montado para a
sessão, já enviamos a carta precatória para o recambiamento do réu que se
encontra no presídio federal, e, por enquanto, não há nada que possa embaraçar
o início do júri”, afirmou o magistrado.

Segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público, Jhonatan de Sousa
Silva foi contratado por uma quadrilha de agiotas para matar Décio Sá, porque
no dia 31 de março de 2012 (23 dias antes do crime) o jornalista denunciou em
seu blog (blogdodecio.com.br) que a morte do empresário Fábio dos Santos Brasil
Filho, o Fábio Brasil, de 33 anos, na cidade de Teresina-PI, havia sido
encomendada por uma rede de agiotagem, estabelecida no Maranhão.
O blogueiro foi o primeiro a atribuir a autoria desse crime à quadrilha.

De acordo com a Polícia Civil, a organização criminosa que faturava
milhões com desvios de verbas públicas municipais e federais, destinadas a
várias prefeituras maranhenses, era liderada pelo agiota Gláucio Alencar Pontes
Carvalho, de 36 anos, e o pai dele, o aposentado José de Alencar Miranda de
Carvalho, de 74 anos. “A quadrilha enxergou Décio Sá como uma ameaça, pois
sabia que o jornalista podia ter mais informações que a incriminasse”,
afirmou à época o secretário de Segurança Pública (SSP), Aluísio Mendes.

Proposta
Ainda conforme as investigações, pai e filho arregimentaram, direta e
indiretamente, pelo menos mais sete pessoas, entre elas dois policiais civis e
um oficial da Polícia Militar do Maranhão, até que Jhonatan Silva e Marcos
Bruno de Oliveira recebessem a proposta de R$ 100 mil pelo serviço. Entre os
intermediadores do crime, a Polícia Judiciária identificou o empresário José
Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior Bolinha, de 38 anos, que fugiu da
prisão, às vésperas do Natal, mas foi recapturado.

Em setembro de 2012, o MP denunciou 12 pessoas pelo assassinato de Décio
Sá e, em agosto de 2013, 11 foram pronunciadas a júri popular. Os advogados de
defesa dos réus recorreram, mas o juiz titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri
manteve a pronúncia dos acusados. Na lista de réus estão ainda Elker Farias
Veloso, de 28 anos, Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Bochecha, de 34 anos, e
Shirliano Graciano de Oliveira, o Balão, de 28 anos, único ainda foragido, e
que até divulgou um vídeo na internet alegando inocência.

Também compõe a relação de pronunciados a júri popular os dois policiais
civis Alcides Nunes da Silva, de 56 anos, e Joel Durans Medeiros, de 59 anos,
ambos afastados da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic),
e o capitão da PM, Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita, de 38 anos,
ex-comandante do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) da Polícia
Militar. O oficial aparece no inquérito como suposto fornecedor da arma do
crime, mas é o único que conseguiu habeas corpus da Justiça.

 

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