A cidade de Chapadinha foi a que recebeu maior número de médicos cubanos

Recém-chegados no último fim de semana,
os seis médicos cubanos do Mais Médicos, aproveitaram o dia para conhecer os
colegas com quem irão trabalhar, os postos de saúde onde atuarão e a casa em
que irão morar em Chapadinha, no interior do Maranhão. A cidade foi a que mais
recebeu médicos cubanos pelo Programa Mais Médicos, no total seis. As informações são da Agência Brasil.

Os médicos cubanos ainda aguardam o registro
provisório, que será emitido pelo Conselho Regional de Medicina. A expectativa
é que comecem a atender na próxima semana.

Chapadinha tem 76 mil habitantes,
segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No entanto, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a cidade atende a
mais 16 municípios vizinhos, totalizando 350 mil pessoas. A cidade dispõe de um
hospital e 14 postos de saúde. O corpo médico atual soma 32 profissionais, que
se dividem entre a atenção básica e a especializada.

Com a chegada dos cubanos, os
profissionais poderão voltar-se à atenção especializada, já que os estrangeiros
se ocuparão da atenção básica. “A gente vai conseguir levar para a população a
assistência médica e bloquear a ida dos pacientes para o hospital por problemas
que possam ser resolvidos no posto de saúde perto da casa dele”, explica o
secretário de Saúde, Charles Bacelar. “Temos no hospital, um grande número de
internações relacionadas à atenção básica”.

O dia de ontem (23) começou com uma
reunião. Bacelar explicou aos médicos como e onde irão atuar. Em seguida, cada
um deles conheceu a futura sala de atendimento.

O médico Juan Montero terá de
dividir a sala com a enfermeira brasileira Nitheyanna dos Santos. O posto de
saúde de Bairro Novo é o que está em piores condições. O teto e as paredes
estão com infiltrações. Na sala de atendimento, apenas uma mesa, uma cadeira, e
uma maca. A cadeira, quebrada. O local atende mil famílias. A prefeitura diz
que já solicitou uma reforma.

“Aqui é mais ou menos parecido com
o meu país, com o meu consultório”, diz Montero. A partir da semana que vem,
ele pretende acompanhar as visitas dos agentes comunitários.

“Primeiro, vamos apresentar a
população para ele, para poder passar confiança. Ele está chegando agora e
algumas pessoas ainda estão desconfiadas”, diz Nitheyanna. Ela diz que vai
ajudar o futuro colega com o português: “Os pacientes têm a linguagem deles.
Chegam dizendo que estão com dor na bacia, nos quartos. Tem vezes que nem a
gente entende. Temos que pedir para eles mostrarem onde é a dor”.

No posto, a procura por consulta é
disputada. Com apenas um médico duas vezes por semana, as consultas são todas
agendadas. “Já teve até briga. Chegou um senhor procurando consulta e só tinha
para o fim do mês. Ele ficou bravo e voltou com uma faca. Tivemos que conversar
bastante com ele para se acalmar”. O médico cubano irá trabalhar 40 horas
semanais. Com isso, os pacientes serão atendidos por ordem de chegada.

Já o posto de saúde de Areal foi
recentemente reformado. Juan Carlos Rojas terá uma sala só para ele. O número
de pacientes, no entanto, é maior, são 4 mil famílias cadastradas. Lá, a visita
à comunidade é obrigação. Um ou dois dias da agenda do médico serão dedicadas
às visitas aos pacientes acamados que não têm condições de ir ao posto e às
famílias, para dar orientações.

“O atendimento domiciliar é como a
gente trabalha com a prevenção. É quando conhecemos a família, a área”, explica
a enfermeira Cleomara Caldas.

Na cidade, a maior parte das
doenças pode ser evitada com a mudança de hábitos da população, de acordo com a
secretaria de Saúde. No entanto, Chapadinha não tem saneamento básico
adequadom, e grande parte das doenças está relacionada com a água. A Pesquisa
Saneamento Básico de 2008 do IBGE mostra que 17 mil casas tem água encanada,
porém nenhuma conta com tratamento de esgoto.

Após as visitas, os médicos foram
encaminhados à casa onde ficarão hospedados. O local ainda está recebendo os
últimos reparos. Pelas regras do Mais Médicos, o município deve arcar com a
alimentação e hospedagem. A prefeitura optou por comprar os alimentos e
abastecer a casa. A prefeita Maria Ducilene Cordeiro diz que estuda um valor
para repassar diretamente aos profissionais, mas ainda não tem uma estimativa.

A casa tem três quartos. Um deles é
ocupado por Aicza Madelaine. Dois médicos dividem um cômodo e mais três, outro.
A médica diz que pode ser “complicado” conviver com cinco homens por três anos
– tempo de duração do programa. Já os rapazes queixam-se do quarto
compartilhado. A prefeitura informou que está preparando uma segunda casa, para
melhor acomodação.

Durante a semana, os médicos devem
se ocupar em conhecer a população. A orientação é que façam palestras nos
postos onde irão trabalhar.

A dona de casa Maria da Silva
Araújo sofre de pressão alta, por isso vai ao médico uma vez a cada três meses
para pegar a receita do remédio controlado. Com a chegada dos novos médicos,
espera melhora no atendimento. “Vai ser bom, os médicos daqui, maioria vem de
fora, as pessoas ficam sem médico. Graças a Deus, vai ficar melhor”, diz Maria,
que cuida de seis netos.

 

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