Um time de ativistas do Greenpeace retoma protesto no Maranhão

Quarenta e oito horas depois de ter interrompido o
bloqueio de dez dias ao navio Clipper Hope, que o impedia de carregar 31 mil
toneladas de ferro gusa em São Luis, o Greenpeace voltou a protestar na manhã
deste sábado (26).

Em protesto pacífico envolvendo o navio Rainbow
Warrior, um time de ativistas chegou em botes ao Porto de Itaqui, onde ocupou
uma pilha de ferro gusa pronta para ser carregada. Os ativistas estenderam a
faixa “Amazônia vira carvão. Brasil desliga a motosserra”. O navio Rainbow
Warrior também bloqueou o Clipper Hope, impedindo sua movimentação.

Investigação do Greenpeace divulgada no dia 14
mostra que algumas carvoarias que alimentam siderúrgicas da região amazônica do
Pará e do Maranhão têm envolvimento com extração ilegal de madeira, trabalho
análogo ao escravo e invasão de terras indígenas.

O longo bloqueio ao Clipper Hope havia sido
suspenso na manhã de quinta-feira, 24, antes de uma audiência pública na Câmara
dos Deputados, com representantes do parlamento e da indústria do gusa. Como um
gesto de boa vontade e para dar tempo de as empresas apresentarem uma resposta
às denúncias de irregularidades no setor e se comprometerem com soluções, os
ativistas desbloquearam o navio. A resposta, porém, não veio.

Na sexta-feira, um outro sinal negativo veio de
Brasília. No Planalto, três ministros anunciaram a decisão de Dilma Rousseff
sobre o novo Código Florestal. Ignorando o apelo de milhões de brasileiros, a
presidente não vetou na íntegra o projeto aprovado pelo Congresso. E o governo
sequer deu detalhes de quais seriam as mudanças na lei.

“Com tanta conversa sem resultado, resolvemos agir.
Ações falam mais que palavras. Tanto no caso do ferro gusa quanto no do Código
Florestal, a postura do governo Dilma é a mesma: omissão”, critica Paulo
Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace. “O governo assistiu em
silêncio a legislação ser retalhada pela bancada ruralista no Congresso. E, da
mesma maneira, continua fechando os olhos enquanto uma parte da Amazônia vira
carvão para alimentar a indústria de ferro gusa.”

 “O Brasil
está jogando no lixo a oportunidade única de ser o primeiro país a virar
potência sem destruir a maior parte de suas florestas. Enquanto Dilma não se
fizer presente na Amazônia e no Congresso, os crimes ambientais e sociais vão
continuar impedindo que o Brasil, que é a sexta economia do mundo, possa ser
chamado de moderno”, diz Adario. “O primeiro passo para esse título é o fim do
desmatamento no país.”

Em fins de março, o Greenpeace lançou uma campanha
nacional pelo Desmatamento Zero, apoiada por movimentos sociais – como Via
Campesina e sindicatos de trabalhadores rurais da Amazônia –, organizações
indígenas e quilombolas, entidades ambientalistas e artistas. Mais de 285 mil
pessoas já assinaram por uma lei de iniciativa popular pelo fim do
desmatamento. Quando 1,4 milhão de assinaturas forem recolhidas, o projeto será
encaminhado ao Congresso.

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