Da cadeia, Dirceu aponta Veja admitindo caixa 2

 
Brasil 247 – Uma brusca mudança de posição da revista Veja sobre
uma das teses que foram mais caras à publicação da família Civita nos últimos
meses foi observada por um personagem diretamente atingido pela chamada
“pensata”. Mesmo dentro do Complexo da Papuda, onde cumpre em regime
fechado a prisão semiaberta que lhe foi imputada pelo Supremo Tribunal Federal,
o ex-deputado José Dirceu flagrou, no editorial da revista, nesta semana, o que
considera ser “um ato falho”.

Na intenção de defender a bandeira da manutenção do
status quo no financiamento de campanhas políticas, pelo qual o dinheiro de
empresas privadas jorra em benefício dos partidos políticos e seus principais
chefes, Veja lembrou que o escândalo do chamado mensalão é “prova
candente” de que o dinheiro não contabilizado advindo de fontes privadas mantidas
em sigilo foi o combustível do esquema. Essa foi, exatamente, a tese de defesa
dos réus. Durante o curso do julgamento, porém, Veja não admitiu nenhuma vez
sequer que não havia dinheiro público nas operações.

A mudança de lado da revista se dá em razão de outra
campanha, com um tanto de atraso, que Veja inicia. Quando o STF já marca em seu
placar 4 votos a favor contra zero na votação da Ação Direta de
Inconstitucionalidade apresentada pela OAB, pelo fim do financiamento privado
de campanhas eleitorais, a revista sai a campo em defesa do dinheiro privado
nas eleições. Só isso, segundo a publicação dos Civita, evitaria a
multiplicação da corrupção nos poderes públicos. Veja não registra, porém, que
é exatamente em razão do modelo atual, com o sistema de doações privadas aos
borbotões, que chegou-se a este ponto de a corrupção atingir patamares mais que
alarmantes.

Abaixo, o post de hoje feito pela equipe do blog Zé
Dirceu :

Editorial da Veja admite caixa dois no
“mensalão”

Após passar os últimos oito anos pregando que o
chamado escândalo do mensalão foi um esquema de compra de parlamentares no
Congresso com dinheiro público, a revista Veja admitiu finalmente que o esquema
se referia, na verdade, ao caixa dois. A admissão está no editorial da mais
recente edição da revista, a seção chamada Carta ao Leitor.

Os réus sempre disseram que nunca houve compra de
venda de votos na Câmara – e, sim, o caixa dois. A Veja sempre atacou essa
versão.

Mas, em seu editorial defendo as doações de empresas
para as campanhas eleitorais, a revista é explícita ao concordar com a defesa
dos réus: “A reportagem de Veja mostra que a prioridade mais óbvia nesse
campo em que a iniciativa privada se encontra com as eleições é a repressão
intensa às doações ilegais, pois elas, sim, estão na origem dos grandes
escândalos de corrupção. É o dinheiro do caixa dois que azeita as engrenagens
mais perversas da corrupção. Está aí o escândalo do mensalão como prova
candente desse fato”.

Ou seja, a revista admite que o dinheiro envolvido no
mensalão tem origem em caixa dois. Durante o julgamento, Veja endossou a tese
que condenou os réus, acusados de desviar dinheiro público para financiar o
mensalão. Mas, agora, na hora de defender as doações privadas, a verdade sobre
o caixa dois vem à tona na Veja.

 

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