Gurgel sinaliza arapuca contra Lula no STF

Numa declaração bem calculada, o
procurador-geral apontou uma possível surpresa na representação contra o
ex-presidente que será apresentada nesta semana. “Estou conluindo a
análise para que possa efetivemente verificar se não há qualquer pessoa com
prerrogativa de foro digamos envolvida e não havendo, como o ex-presidente já
não detém a prerrogativa de foro, a hipótese será de envio à procuradoria da
República em primeiro grau”, disse Gurgel. Ocorre que Marcos Valério
também denunciou o senador Humberto Costa (PT/PE) e este pode ser o pretexto
para que a ação vá direto para o STF, comandado por Joaquim Barbosa

A denúncia que liga o ex-presidente
Lula ao mensalão, que vem sendo preparada pelo procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, pode cair diretamente no Supremo Tribunal Federal, presidido
pelo ministro Joaquim Barbosa, ainda que o ex-presidente não desfrute do foro
privilegiado. A deixa foi dada pelo próprio procurador, numa declaração bem
calculada, feita nesta terça-feira – mesmo dia em que ele se defendeu das
acusações de ter feito uma denúncia política contra o senador Renan Calheiros
(PMDB/AL) às vésperas da eleição para o Senado (leia mais aqui). “Estou conluindo a análise para que possa efetivemente verificar
se não há qualquer pessoa com prerrogativa de foro digamos envolvida e não
havendo, como o ex-presidente já não detém a prerrogativa de foro, a hipótese
será de envio à procuradoria da República em primeiro grau”, disse Gurgel.

O procurador se refere às denúncias
feitas pelo empresário Marcos Valério de Souza, já condenado a mais de 40 anos
de prisão, em setembro deste ano. Naquela ocasião, Valério procurou o
Ministério Público Federal propondo um acordo de delação premiada.  Implicou
Lula no processo, num depoimento prestado a Claudia Sampaio, esposa de Gurgel,
mas também fez uma revelação extemporânea que surpreendeu. Valério disse que um
dos beneficiários dos repasses do chamado “valerioduto” foi o senador
Humberto Costa (PT/PE), que, em 2002, concorreu – e perdeu – ao governo de
Pernambuco. O empresário disse ter depositado R$ 512.337,00 nas contas de
campanha de Costa.

Ou seja: como
Humberto Costa é senador e, portanto, desfruta do foro privilegiado, o
procurador-geral poderá entender que as acusações contra ele e Lula são
correlatas, evitando, assim, que o processo contra Lula vá para um tribunal de
primeira instância. Nesse contexto, o ex-presidente se tornaria refém do
Supremo Tribunal Federal, que já condenou à prisão lideranças do PT, como José
Dirceu e José Genoino. Seria uma espécie de impeachment informal, uma vez que a
movimentação política do ex-presidente estaria tolhida pela ameaça de uma
eventual condenação criminal por uma corte que já demonstrou sede de sangue
contra o PT.

 

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