Consumo de álcool por vias anal e vaginal preocupa médicos

Recentemente,
um jovem americano foi hospitalizado em coma alcoólico depois de introduzir uma
grande quantidade de vinho por meio de um tubo inserido no reto.

Além de
consumir bebida via anal, vários jovens no mundo têm assustado pais e médicos
com métodos nada convencionais de se embriagar. Nos Estados Unidos e Europa,
vídeos se espalharam na internet com adolescentes pingando vodca nos olhos,
método chamado por eles de “vodka eyeballing”. Meninas que encharcam
absorventes internos de álcool e os colocam na vagina também tem parecido uma
prática difundida, além de beberem álcool em gel.

Segundo a
Dra. Zila Van Der Meer Sanchez, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações
sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Unifesp, os adolescentes que chegam aos
prontos-socorros alcoolizados usam menos destas práticas no Brasil do que em
outros países, apesar de casos terem sido registrados.

“Os
riscos para quem consome álcool desta maneira são exatamente os mesmos de
métodos convencionais. O que conta é a quantidade de álcool ingerida, porque
independente de onde for o corpo vai absorver do mesmo jeito”.

O clínico
geral do Hospital das Clínicas, Dr. Arnaldo Lichtenstein, também alerta para o
uso cada vez maior de álcool. “O grande problema é o uso abusivo do álcool,
independente da via”.

No
entanto, além do comportamento extremamente invasivo ao corpo, o ânus, por
exemplo, tem mais terminações nervosas e mucosas mais expostas, o que causa uma
absorção mais rápida e compromete a percepção da quantidade ingerida.

“Se for
tomando de pouquinho em pouquinho, a pessoa vai sentindo e consegue identificar
mais fácil a hora de parar. Mas, mesmo assim, depois de parar ainda há uma
grande quantidade de álcool no estômago para ser metabolizado e, neste ponto é
comum as pessoas passarem mal, vomitarem e colocarem para fora o que ainda não
foi absorvido. No entanto, nestes casos de consumo por outras vias, a
substância vai ficar ali até ser completamente absorvida”, informou.

Além do
estômago e intestino, o álcool é mais rapidamente absorvido pelas mucosas do
corpo, desde a boca até o ânus e a vagina. “A absorção é muito grande pelas
mucosas. Se você bebe uma taça de vinho e demora uma hora ou duas para ser
processado, o consumo pela mucosa leva minutos”, explicou o Dr. Arnaldo
Lichtenstein.

“O
problema é que o álcool é irritante. Do mesmo modo que irrita o estômago, vai
irritar o olho e causar uma conjuntivite, no ânus e na vagina vai acontecer a
mesma coisa e pode gerar problema sérios a curto, médio e longo prazo”,
esclareceu o clínico do HC.

Os
adolescentes que bebem álcool em gel podem ter reflexos no fígado. “Você vai
sobrecarregar seu fígado com as substâncias que têm no produto, além do álcool.
Pode intoxicar e vai retardar o metabolismo”, informou a Dra. Zila Van Der
Meer.

Vale
ainda esclarecer que a exceção é pingar bebida no olho, prática que não tem
efeito nenhum. “Esta história de pingar nos olhos, teria que ser um caminhão de
álcool para deixar bêbado. Nesta região não tem nenhuma relação fazer isto”,
comentou a especialista.

Em
relação ao consumo via anal, ela esclareceu ainda: “pode dar uma concepção de
violência sexual. Vai além do álcool, pode ter caráter de uma agressão sexual”.

O Dr.
Arnaldo Lichtenstein ressaltou que a procura pelo prazer sexual também vem
junto nestas práticas. “Isto é a busca pelo prazer mais rápido que está sendo
misturado com sexualidade. São duas grandes sensações de busca de prazer”,
explicou .

Ele
alertou ainda que estas práticas não muito comuns acontecem há bastante tempo,
mas o que mais preocupa é a quantidade exagerada de álcool que tem sido
colocado em questão. “Esta busca desenfreada por sensações de euforia e
anestesia é muito preocupante. Alguns pacientes falam em anestesia e usam estes
meios mais rápidos para conseguir não só a desinibição que o álcool produz”,
concluiu.

Terra

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