SSP alerta para falso sequestro e orienta procedimento

Paralelo às investigações para identificar e prender suspeitos que cometem o crime do falso sequestro seguido de extorsão, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), por meio da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) da Polícia Civil, visando diminuir os índices de vítimas desse tipo de crime em São Luís e, em cidades do interior, alerta a população sobre os riscos e como evitar para não se tornar mais uma vítima do golpe.
De acordo com dados da Seic, foram registrados nos últimos meses, seis casos de pessoas que foram lesadas pela ação criminosa. Em três, o plano dos criminosos foi interrompido, pois as vítimas detectaram que se tratava de um golpe. No último caso registrado na capital, uma vítima teria sacado cerca de R$ 10 mil e depositado em conta laranja  utilizada para guardar o dinheiro. Estima-se que no estado, os prejuízos cheguem a R$ 20 mil. Estados como São Paulo e Minas Gerais são os locais onde há o maior índice de registros do caso, e com quantias maiores de dinheiro exigido pelos criminosos.
Segundo o delegado Augusto Barros, do Grupo de Resposta Tática (GRT) da Seic, o crime realizado aqui na capital utiliza a forma clássica desse tipo de golpe, em que o criminoso, de dentro de um presídio, utiliza um telefone celular e faz ligações para residências em qualquer lugar do país. “Duas formas desse crime são as mais comuns. Em uma, o criminoso se passa por um bombeiro ou policial, avisando que alguém da casa sofreu um acidente. Essa farsa é com o objetivo de colher informações  e logo depois anunciar o sequestro, tentando extorquir grande quantidade de dinheiro. A outra é, ao fazer o telefonema, o criminoso forjar, desde o início da ligação, ter sequestrado algum morador da casa”, explicou.
O delegado, ainda, alerta sobre algumas características típicas desse delito. “Alguns atos são sempre repetidos nestas ligações, entre eles, como perguntar se a pessoa tem filhos, pai ou mãe e se estes se encontram em casa. E para intimidar ainda mais a vítima, eles colocam uma pessoa chorando se passando pelo parente sequestrado, forçando o interlocutor a pagar rapidamente. É necessário ter muito cuidado e manter a calma nessa hora”, continua.
De acordo com Augusto Barros, o criminoso utiliza o estado emocional da família para concretizar o plano. Nesse momento, conforme o delegado, é que a vítima sem perceber, fornece informações sobre todo o grupo familiar. Os criminosos utilizam a lista telefônica para descobrir os números de telefones e endereços de possíveis vítimas.
Forma de atuação
Como parte do plano, o criminoso exige como resgate que a família da vítima saque uma quantia alta em dinheiro. Segundo a polícia, esse valor varia entre R$ 10 a R$ 20 mil, podendo existir pedidos de quantias ainda maiores, como acontece em outros estados. Os criminosos ainda indicam os procedimentos que devem ser seguidos até que a transação bancária seja finalizada. Na ação, eles pedem que o saque seja feito em uma agência e o depósito em outra, e que logo após a finalização da transação, a família rasgue o comprovante para se desfazer do documento.
Tentando evitar que sejam descobertos, os criminosos, ao telefonarem, ordenam que todos os aparelhos celulares ou outros telefones da casa sejam desligados. A polícia recomenda que as instruções não sejam seguidas até que haja a comprovação, por parte da família, de que a pessoa supostamente sequestrada esteja bem e em um lugar seguro. Ao confirmar que se trata de um golpe, o cidadão precisa comunicar imediatamente a polícia e desligar o telefone.
Investigações
De acordo com as investigações, a polícia rastreando as ligações, conseguiu descobrir que elas são originadas de unidades prisionais dos Estados do Ceará e Rio de Janeiro. Calcula-se que só do Rio de Janeiro sejam originadas cerca de 70% das ligações. As centrais de atendimento das polícias cariocas,  já chegaram a registrar cerca de 20 casos em um só dia.
Durante o inquérito policial, a Seic já constatou que os criminosos possuem dialetos diferentes dos maranhenses. “O sotaque, na hora da suposta negociação, é outro fator que ajuda a identificar que é um golpe, um cearense e um carioca não falam como alguém que vive aqui no Maranhão, além disso, os DDD 85 e 21 também são fatos que devem ser percebidos pela população”, alertou o delegado Augusto Barros.
A SSP vem mantendo constante contato com as Secretarias de Segurança de outros estados, e também com a Polícia Federal, cruzando informações para identificar e autuar estes criminosos. A inteligência policial tem desenvolvido várias ações para identificar os envolvidos, que consistem em uma das etapas, na quebra dos sigilos telefônico e bancário, por meio de ordem judicial. Quem for identificado cometendo o crime de extorsão pode pegar até 10 anos de detenção.

DICAS DE PREVENÇÃO PARA NÃO CAIR NO GOLPE

1. Mantenha a calma ao atender qualquer chamada que esteja relacionada a este crime. Esta medida ajuda a reconhecer se a ligação é verdadeira ou não;
2. Alerte todos os moradores de sua residência, principalmente idosos, crianças e funcionários a não fornecerem dados pessoais, como número de quantas pessoas reside no local, telefone ou hábitos sobre os moradores da casa. Estas informações podem ser utilizadas para o criminoso conhecer sua família;
3. Ao realizar a ligação, o criminoso sempre demonstra ter pressa em finalizar as negociações;
4. Tente prolongar a conversa com o suposto negociador, e enquanto isso se certifique que a ‘suposta’ pessoa sequestrada esteja bem. Para isso, utilize outro telefone celular e tente localizar o mais rápido possível a pessoa indicada no sequestro;
5. Procure a polícia urgentemente. Ao ser vítima desse golpe, informe imediatamente as autoridades policiais. Em São Luís, a Seic fica localizada no prédio atrás do Plantão Central da Reffesa. A partir do 15 de abril, a Superintendência passará a funcionar no antigo prédio da Rádio Timbira, no Bairro de Fátima.Os telefones para contato são (98) 3214 8659 e 3214 8662, que também estão a disposição do cidadão;.
Outra opção é manter contato com o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) pelo 190 ou com o Disque Denúncia (3223 5800 – capital e 0800 313 5800 – interior).

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