Para ficar com Dilma, PCdoB pressiona PT no MA

Valor Econômico

                                                                                                                                

Pela primeira vez desde 1989, o PCdoB pode se
desgarrar e montar um palanque contra o PT nas eleições presidenciais. A
novidade deve ocorrer no Maranhão, onde o partido ameaça ficar ao lado da
candidatura de Eduardo Campos (PSB), se a presidente Dilma Rousseff mantiver o
apoio à candidatura da família Sarney ao governo do Estado.

O Maranhão é o único Estado onde o PCdoB tem
possibilidade real de eleger o governador, embora a estratégia partidária, para
as eleições de 2014, seja a de lançar seus principais quadros na disputa
majoritária. Inclusive em São Paulo, onde já foi lançado o nome do ministro
Aldo Rebelo (Esportes) ao governo estadual. O atual presidente da Embratur,
Flávio Dino, lidera as pesquisas para a sucessão da governadora de Roseana
Sarney.

“Eu não trabalho com essa hipótese”, disse o
presidente do PCdoB, Renato Rabelo, sobre a possibilidade de o PT ficar com a
família Sarney, como já aconteceu em eleições anterior. “O PT tende a
apoiar o Flávio Dino”, afirma, entendendo-se como PT o palanque da
candidata Dilma Rousseff no Maranhão. Rabelo embasa sua convicção nas conversas
que teve sobre o assunto com o ex-presidente Lula da Silva, com a presidente
Dilma Rousseff e com o presidente do PT, Rui Falcão.

“Se for diferente, muda de figura: lá no Maranhão
nós vamos apoiar o Eduardo”, disse Renato Rabelo, referindo-se ao
governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O PSB, aliás, já está na coligação em
fase de montagem por Flávio Dino.

Apesar de o presidente do PCdoB não cogitar
“outra hipótese”, a situação não é tão simples. O ex-presidente Lula
sempre arbitrou a favor dos Sarney, no Maranhão. Já a presidente Dilma
Rousseff, semana passada, também telefonou para o chefe do clã, a fim de
desmentir que o rompimento tenha sido tratado em reunião de seu comitê
eleitoral, semana passada no Palácio do Alvorada, ou que haja alguma divisão
entre ela e Lula a respeito do assunto.

O problema, para o PT e o governo, é que o senador
José Sarney é um dos mais influentes próceres do PMDB, a maior sigla aliada da
reeleição de Dilma em 2014. Por enquanto, os peemedebista dão um desconto a
algumas manifestações do PT contrárias ao partido e suas principais lideranças,
por entender que a sigla está em processo interno de renovação de suas
lideranças, o que deve ocorrer em novembro com a realização do Processo de
Eleição Direta (PED). Só depois disso as conversas devem começar as conversas
para valer.

O PCdoB entende que este é o momento exato para o PT
romper com a oligarquia Sarney no Maranhão. O candidato de Roseana à sucessão é
seu secretário da Casa Civil, Luiz Fernando Silva, um nome sem projeção
eleitoral, mas que vem sendo trabalhado pela forte estrutura da família Sarney,
o que inclui o principal grupo de comunicação do Estado. “Das outras vezes
era a filha de Sarney”, diz Renato Rabelo, com a ressalva de que nada tem
contra “o senador pelo Amapá”.

 

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