“Começo a desconfiar que botei fora meu voto”, diz Joaquim Itapary sobre Flávio Dino

A
regressão ao vitorinismo

Por
Joaquim Itapary

15
dias de governo novo no Maranhão! Já dá para ter-se ideia de como serão as
reais mudanças políticas e administrativas tão esperadas. Começo a desconfiar
que botei fora meu voto, mais uma vez. A balbúrdia que se instalou no serviço
público estadual reproduz em escala maior o caos em que se encontra a
prefeitura de São Luís. Tenho a impressão de que um bando de menininhas
assanhadas e trêfegos garotinhos hermafroditas juntaram-se nos fundos de
um quintal para brincarem de governar, ou melhor, “brincarem de casinha.”
Mas, como nenhum deles está de fato apto para a prática
de absolutamente nada o que seja racional em termos de construção de
governos ou de casinhas, simplesmente divertem-se no desmonte da casinha que
encontraram pronta. Nesse desvario, destroem tudo e praticam
atos que, se praticados por adultos menos irresponsáveis, não
passariam de condenável iniquidade.
Ontem,
na Emap, por ordem do seu jovem e impotente presidente, uma assídua e
respeitosa funcionária com cerca de 15 anos naquela empresa, tendo servido
com aplicação a mais de cinco administrações e durante governos das mais
variadas correntes políticas, foi demitida, sem justa causa legal. Além de
sumariamente desempregada, não lhe pagaram verbas rescisórias legais; e ainda
ouviu: Vá procurar seus direitos na Justiça! Que beleza de mudança!
Mas,
como não existe fato sem causa, e considerando que o atual governador foi
eleito exatamente porque nos prometeu a restauração do império da lei, da decência
e da verdade, a funcionária demitida pediu que lhe explicassem a real causa da
sua sumária dispensa.  Estarrecida, recebeu a resposta muito clara: Minha
senhora, apenas cumprimos ordem do governador. Aqui não trabalha mais ninguém
que tenha Itapary no nome!
E
ficamos assim: A funcionária demitida é nora de Joaquim Itapary, que é amigo de
José Sarney. Pronto, rua! É incrível? Pois deixou de ser!
Agora,
que estou aposentado, graças a Deus penso encontrar-me pessoalmente fora
do alcance do ânimo dessa criançada endiabrada. A não ser que a buliçosa e
inepta mão desse governo trêfego tenha o insuspeitado poder de exonerar-me
da cadeira que ocupo na Academia Maranhense de Letras e cassar-me o direito de
uso de títulos e honrarias recebidos do Estado do Maranhão.
Aliás, como
se vê, na marcha em que a criançada se esbalda nos fundos do quintal, não
causará espanto a exoneração do meu caro e velho colega Salvio Dino das funções
de pai do governador, simplesmente por ser ele também amigo de José Sarney.
Lamentável
que um jovem e antes promissor empresário se submeta ao
constrangimento de não poder sequer escolher seus companheiros de
gestão apenas para não perder um posto que pouco ou nada acrescentará à
longa biografia que ainda lhe resta construir. É uma pena!
Deixemos
a meninada na sua brincadeira de fundos de quintal da História :
“Boca
de forno?
Forno!
Onde
eu mandar?
Vou!
Se
não for?
Pega
bolo!”
Enfim,
já que mudamos em marcha à ré, Viva Vitorino Freire!

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