Supremacia ameaçada: “Estadão” destaca liderança da oposição no Maranhão e fim do ciclo oligárquico

Um dos principais colunistas da política da política
nacional destacou neste domingo o fim do ciclo histórico de supremacia da
família Sarney no Maranhão. O repórter do jornal O Estado de São Paulo destaca
a liderança da oposição maranhense em todas as pesquisas para o Governo do
Estado e para o Senado.

A diferença chega a 45 pontos de diferença entre
Flávio Dino (PCdoB) e o candidato da família Sarney, Luís Fernando Silva
(PMDB).

Segue abaixo a matéria completa:
Supremacia ameaçada – JOÃO BOSCO RABELLO

O ESTADO DE S. PAULO – 01/09

Em meio ao caos que precede e permeia todo fim de
ciclo histórico, de que é cenário hoje a política nacional, uma placa teutônica
se desloca longe dos olhos da maioria, mantendo distante o que parece o fim do
mais longevo feudo patrimonialista brasileiro –  o clã Sarney no Maranhão,
não por acaso, onde se registram os piores índices de vida do País há décadas.
Os ventos de mudança que impõem a transformação dos costumes políticos
decadentes, herdados do colonialismo português , parecem ter alcançado a ilha
de resistência mais notória desse processo, segundo as pesquisas à sucessão da
governadora Roseana Sarney.

Pela primeira vez, a oposição larga na frente na
disputa eleitoral no Estado – e com uma vantagem até recentemente impensável de
45% sobre o segundo colocado. O presidente da Embratur, Flávio Dino (PC do B),
lidera a corrida em todos os cenários, sendo o mais expressivo o que o coloca
com 60% da preferência contra 15% de Luis Fernando (PMDB), apoiado pelo clã
Sarney.

Cenário que se mantém quando Fernando é substituído
pelo aliado histórico de Sarney, o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão,
dono do maior índice de rejeição (39%).

A pesquisa indica também a vitória da oposição na
disputa pelo Senado contra qualquer um dos pré-candidato da família Sarney. Na
disputa com Roseana, o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), tem
43,69% contra 35,38% da governadora.

Com mandatos ininterruptos desde 1955 (salvo breves
sete meses entre a saída da Presidência e março de 1990), o senador José Sarney
está diretamente ligado aos índices negativos do Estado. O mais baixo índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), refletido na maior taxa de mortalidade infantil
do País (28 por mil habitantes), na maior pobreza extrema e no menor número de
médicos por habitante.

Significa dizer que no Estado comam dado hoje por
Roseana e os irmãos Murad – Jorge e Ricardo (este, secretário de Saúde, pasta
com 50% do orçamento), 22% da população sobrevivem com R$ 2,20 por dia e só
metade mora em casas com água e banheiro. Em contraste com a riqueza natural
materializada no gás, petróleo, soja e indústrias e com o poder político
nacional que fez do chefe do clã presidente da República e quatro vezes do
Senado Federal.

Por vezes, essa supremacia estadual de Sarney foi
ameaçada, mas jamais abalada. Porém, foi seguramente a aliança com o PT que lhe
garantiu fôlego na última década, em que se impôs regionalmente, como demonstra
a censura do presidente Rui Falcão à propaganda regional do partido, com críticas
ao IDH do Estado, a pedido de Sarney.

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