Senadores vão pressionar Sarney por voto aberto

Às vésperas do julgamento
de cassação do mandato do senador Demóstenes Torres, senadores querem acabar
com a instituição do voto secreto. Hoje, a votação é aberta no Conselho de
Ética, mas secreta em plenário

                                         

Com
o processo de cassação contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no
Senado, um grupo de senadores manifestou-se na tarde desta segunda-feira (4)
contra a “falta de vontade política” do Congresso em votar as propostas que
eliminam o voto secreto em deliberações legislativas. Na esteira do caso do
senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que enfrenta esse tipo de processo
no Conselho de Ética da Casa, por suspeita de envolvimento com o bicheiro
Carlos Cachoeira
–, o senador Pedro Taques (PDT-MT) anunciou em
plenário que, diariamente, insistirá na tribuna até que o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), coloque em apreciação na pauta alguma das proposições já
protocoladas sobre o assunto. Três matérias sobre o fim do voto secreto
tramitam na Casa.

“Este é o Senado da República, não é o do segredo, o do sigilo. Não é o
Senado da reserva. Um dos princípios que decorrem da República é justamente
este: a publicidade dos nossos atos. Não há que se falar em mais delongas para
manifestação da Casa Alta do Congresso a respeito dessa PEC que torna todas as
votações abertas”, disse Taques, recebendo apartes suprapartidários de apoio de
senadores como o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), e Pedro Simon
(PMDB-RS), um dos mais experientes parlamentares em atividade.
“E aí cada parlamentar terá que assumir sua responsabilidade: primeiro,
perante os eleitores que o mandaram para cá; segundo, para com a nação;
terceiro, com a sua própria consciência. Não há que se falar que senador da
República possa estar sofrendo pressão. Quem não aguentar pressão, não venha ao
Senado, fique dentro da sua casa assistindo à televisão. Senador que não
aguentar pressão é bom que aqui não esteja”, arrematou o senador matogrossense.

A ideia, avalia Pedro Taques, é fazer com que a aprovação de matéria que
põe fim ao voto secreto leve senadores a declarar seu voto quando forem julgar
quebra de decoro – de acordo com interpretação jurídica já suscitada por alguns
parlamentares, como o processo de Demóstenes foi iniciado antes da aprovação de
uma proposta de emenda à Constituição (o instrumento com poderes de alterar a
legislação), os efeitos de uma nova norma não poderiam retroagir. O próprio
advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, já avisou que
contestaria na Justiça uma hipotética aplicação do voto aberto no caso de seu
cliente.

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