Galeria Trapiche, da Prefeitura de São Luís, recebe oficina de máquina fotográfica sem lente

A Galeria Trapiche, equipamento de cultura da Prefeitura de São Luís, está com a exposição “Ocupação Trapiche #1” em cartaz até o dia 22 de abril, resultado da Chamada Pública Nacional de Ocupação Artística que selecionou diversos trabalhos de diferentes segmentos das artes. Esta é a primeira edição e contempla o ramo da fotografia. Dentro da programação, acontece nesta segunda-feira (3), às 14h, uma oficina de Câmara Pinhole com o professor Eduardo Cordeiro, resultado de uma parceria com o Instituto Federal do Maranhão (IFMA).

A câmara pinhole é uma máquina fotográfica sem lente que geralmente é produzida em caixas de fósforos ou latas. Esta será a segunda turma da oficina para alunos de escolas públicas e, ao todo, estão previstas cinco edições. “Esta exposição tem o objetivo de ocupar o espaço da Galeria com obras de circulação local e nacional, valorizando nossa cultura e ampliando a bagagem artística da cidade com obras de todo país. A chamada selecionou o trabalho de 13 artistas locais e nacionais que vão expor ao longo do ano, por isso algumas acontecerão simultaneamente para preencher todo nosso espaço”, disse a diretora da Galeria Trapiche, Camila Grimaldi.

A mostra coletiva incentiva a participação de artistas para ocuparem o equipamento público, com exposições do trabalho individual de linguagem de cada artista, cada um com sua história e técnicas diferentes do campo da fotografia, propiciando aos visitantes experiência visual a partir de diferentes proposições estéticas de trabalhos fotográficos, com o uso de técnicas e suportes diferenciados.

A Ocupação Trapiche contempla, nesta edição, trabalhos dos artistas maranhenses Ana Paula Gomes, Aretha Raos, Cláudia Marreiros, Dandara Kran, Danielle Fonsêca, Denis Carlos, e dos nacionais, Rafael Roncato (SP) e Samy Sfoggia (RS). Ao todo, a mostra conta com mais de 40 obras de fotografia, técnica mista, fotoprojeção e fotoperformance.

A exposição está aberta a visitação de segunda a sexta, das 9h às 19h, podendo ser feitas também agendamentos para visitas mediadas. A Galeria Trapiche Santo Ângelo está localizada na Avenida Vitorino Freire, em frente ao Terminal de Integração da Praia Grande.

Na última semana passada a artista Cláudia Marreiros realizou uma conversa aberta com estudantes do 9º ano, da escola Bandeira Tribuzi, de Paço do Lumiar. A fotógrafa expõe na Ocupação Trapiche o trabalho “Nosso Terraço, Nosso Quintal” que reúne um conjunto de imagens de moradores e do espaço natural de várias comunidades rurais de São Luís.

A roda de conversa teve o objetivo de despertar sobre retratos do cotidiano, sendo um convite para que o público conheça outras comunidades locais e busquem formas de colaborar para sua preservação.

Para a professora de filosofia e arte visual, Ana Borges, a fotografia ajuda a manter viva nossa história. “Alguns costumes vão se perdendo com o tempo e a fotografia se torna uma ferramenta de se comunicar, uma forma responsável de denunciar e divulgar aquilo que incomoda ou tenha uma mensagem. Ajuda a preservar nossa história, aquilo que nos representa, nossas tradições e identidades”.

O trabalho traz uma exposição itinerante, que não tem finalização e vai sendo complementada com o tempo, como explica a artista Cláudia Marreiros. “Ela é um experimento, uma exposição híbrida. Vou mudando as ordens das fotos, aumentando a quantidade e assim a exposição vai se renovando sempre. Traz o retrato daquilo que precisa ser valorizado e que por muitas vezes é esquecido. A fotografia, as expressões, as falas e este olhar à comunidade, garante que ela continue existindo. Aqui usamos a arte como uma ferramenta política e social, a própria exposição sempre traz novas possibilidades para ir registrar novas coisas e assim ela não tem prazo final”.

Cláudia destacou a Galeria como um espaço público de disseminação das artes e debates de relevância social. “A ideia de divulgar este trabalho foi por entender que esta exposição precisava ser vista, precisava estar em vários espaços, chegar a vários lugares e que estas comunidades tinham que ter este olhar mais de cuidado. Fazer essa mostra em um equipamento municipal é de suma relevância, pois é um espaço público e que deve se preocupar com esses assuntos sociais. O meu trabalho passou por uma curadoria e foi selecionado, isso demonstra que este equipamento está preocupado com esses debates e questionamentos para melhoria de vida da sociedade, dando visibilidade para aquilo que por muito tempo estava invisível”.

A projeção das imagens na obra “Nosso Terraço, Nosso Quintal” propõe a contemplação do imaginário de lugares e pessoas que habitam comunidades rurais de São Luís, como Cajueiro, Jacú, Maruaí, Cidade Olímpica e Raposa, trazendo a reflexão sobre a relação dos moradores com seus espaços, afetividade, identidade, pertencimento, preservação e salvaguarda dos seus patrimônios imateriais.

Lançada em janeiro deste ano, a chamada de ocupação artística da Galeria Trapiche atraiu a participação de artistas de todo o país com interesse em expor trabalhos em qualquer categoria do campo das artes visuais.

O principal objetivo da ocupação é o de atender à política cultural municipal que incentiva o fomento às artes visuais por meio de atividades de circulação de obras e intercâmbio do trabalho de artistas de diferentes regiões. A seleção dos trabalhos foi feita por uma comissão formada pelos profissionais da área de Artes Visuais: Camila Grimaldi (Galeria Trapiche), Regiane Caire (UFMA) e Betânia Pinheiro (Sesc).

Foram avaliadas a criatividade, originalidade, contemporaneidade e qualidade técnica de cada proposta, bem como adequação da proposta às instalações da Galeria Trapiche, o estímulo ao conhecimento, a valorização da pluralidade social e cultural e o currículo artístico do proponente.

 

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