Achincalhado, STF anuncia que julgará Eduardo Cunha

Jornal GGN –
Quando o sétimo investigado da Operação Lava Jato confirma que Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), presidente da Câmara, era beneficiário do esquema de corrupção da
Petrobras com recebimento de propinas, o ministro Teori Zavascki alerta o
Supremo Tribunal Federal (STF) para agilizar o julgamento sobre o afastamento
do deputado da cadeira do Legislativo.
O noticiário recente das investigações da Lava Jato
a nível daqueles que detém foro privilegiado informam que ex-vice-presidente da
Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, negocia delação premiada com a
Procuradoria-Geral da República (PGR) e promete acusar o peemedebista de
receber propina em troca da liberação de verbas do fundo de investimentos do
FGTS. Cleto foi indicado ao cargo por Eduardo Cunha.
Na fase de negociação do acordo, o investigado
coloca Cunha como o principal alvo de seus relatos. Ainda se espera uma
assinatura do procurador-geral Rodrigo Janot para validar a colaboração, antes
de ser enviada ao STF para homologar.
Mas Cleto já adiantou aos investigadores que houve
pagamentos de propina a Cunha, conforme a delação dos executivos da Carioca
Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior. Eles haviam
afirmado que o peemedebista recebeu R$ 52 milhões de propina na concessão do fundo
de investimentos do FGTS para as empreiteiras responsáveis pelo projeto Porto
Maravilha. Os procuradores acreditam que o ex-vice-presidente da Caixa
Econômica Federal poderá trazer mais informações sobre o caso.
Ao abrir inquérito sobre esse caso específico da
delação recente dos executivos das empreiteiras, Janot assinalou que Eduardo
Cunha “tinha comprovada conexão com Fábio Cleto, então vice-presidente da
instituição financeira federal e membro do conselho curador do FGTS”.
Tratava-se do terceiro inquérito aberto por Janot
para investigar o envolvimento de Cunha no esquema de corrupção da Petrobras.
Os empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior contaram em
delação como eram sistematizados os desvios, pelo fundo de investimentos do FGTS,
com uma liberação que contou com a influência de Cleto.
Apesar de trazer relação com a estatal e com
empreiteiras, o esquema sobre o fundo de investimento do FGTS é considerado um
fato novo para os investigadores. Os delatores entregaram à PGR cinco contas
bancárias que, segundo eles, teriam sido repassadas pelo presidente da Câmara
para receber a propina. As transferências totalizam US$ 3,9 milhões entre 2011
e 2014, de contas da Suíça dos empresários para Cunha.
Em meio ao surgimento de consecutivas acusações,
estão travados no Supremo uma ação penal, uma denúncia já aceita e outros
pedidos de inquérito contra Cunha, aguardando um julgamento dos ministros. Um
desses pedidos leva em consideração as investigações em andamento e solicita o
afastamento do peemedebista da Presidência da Câmara.
Teori Zavasci, relator dos processos da Lava Jato
na Corte, declarou ontem (28) que levará esse pedido para o Plenário do STF,
sobretudo por um agravante: com o risco de impeachment contra Dilma Rousseff,
Cunha é o segundo da linha sucessória da Presidência da República. Por outro
lado, já é réu da Lava Jato.

O deputado teria a possibilidade de assumir a
Presidência, caso a presidente Dilma sofresse o impeachment e o vice, Michel
Temer, também fosse afastado. A tese, por isso, deve ser tratada pelo Supremo.
“Esse assunto que precisa ser examinado. Eu vou levar (ao plenário)”,
anunciou Teori. Por outro lado, o ministro não deu prazo para liberar o
julgamento e disse que continua “examinando” os autos.

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