Eduardo Cunha tem escritório político em cima da UTC

O escritório político do
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no centro do Rio de
Janeiro, fica no famoso Edifício De Paoli, na Avenida Nilo Peçanha, 50, sala
2.909. No andar de baixo fica a filial carioca da empreiteira UTC, na sala
2.809. Pela numeração, as salas são na mesma coluna, ou seja, o piso do
escritório do deputado é o teto do escritório da empreiteira. As informações são site do Rede Brasil Atual.
Esse  é o tipo de
coincidência digamos, desagradável, para o presidente da Câmara no momento
atual, já que tanto ele como a empreiteira estão encalacrados na operação Lava
Jato.
A partir da delação premiada de
Dalton Avancini, ex-presidente da empreiteira Camargo Correa, os procuradores
da Lava Jato expandiram a investigação para suposto cartel na construção da
Usina Nuclear de Angra III, e suspeitam que teria havido pagamento de propina
para o PMDB, partido de Cunha.
Avancini citou na delação:
“(…) QUE, recorda-se de uma
reunião ocorrida em agosto de 2014, as vésperas da assinatura do contrato,
houve uma reunião na empresa UTC (…); QUE, nessa reunião também foi comentado
que havia certos compromissos do pagamento de propinas ao PMDB no montante de
um por cento (1 %) e a dirigentes da ELETRONUCLEAR, ficando acertado que cada
empresa iria buscar os seus respectivos contatos a fim de promover o acerto
junto aos agentes políticos (…); QUE, observa que na sua caixa de emails
do endereço[email protected] existe
uma mensagem eletrônica datada de 26/08/2014 enviada pela UTC onde consta a
convocação para a mencionada reunião, ocorrida na sede da última empresa; QUE,
não sabe se efetivamente houve algum pagamento de propina ou a promessa de
pagamento a alguém em especial, eis que no mês de setembro de 2014 acabou sendo
detido”.
O referido e-mail, vazado e
público em veículos de imprensa, como vários outros documentos com
classificação sigilosa da Lava Jato, confirma a reunião no endereço da filial
da UTC no Rio de Janeiro, localizado abaixo do escritório de Cunha.
O problema é que direitos
elementares como o benefício da dúvida andam em baixa graças, em grande parte,
à libertinagem de imprensa para desinformar e pré-condenar. O desgaste político
com delações, menções, citações, manchetes maliciosas é grande pelo clima de
linchamento produzido no noticiário.
De certa forma, mesmo bastante
blindado no noticiário, o próprio presidente da Câmara está colhendo o que
plantou quando, ao assumir o cargo no início do ano, disse se opor a qualquer
regulamentação da mídia. A simples regulamentação do direito de resposta e
regras que exigissem civilidade em vez de barbárie no trato de notícias,
melhoria muito a consciência social e política dos leitores, telespectadores e
ouvintes, sem recorrer a nenhuma censura. Os mesmos fatos podem ser noticiados
ao público com clareza e objetividade civilizada ou com características de
campanha de difamação.

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