Com FHC para Academia, Sarney faz Ayres esperar

Jornalista Merval Pereira perde a
chance, neste momento, de contar com ex-presidente do STF, que prefaciou seu
livro ‘Mensalão’, no chá da Academia Brasileira de Letras; Ayres Britto, que
finaliza lançamento de livro de poesias, almejava concorrer à primeira cadeira disponível;
mas ex-presidente Sarney teve uma ideia diferente; ao lançar FHC, criou um fato
marcante na Casa de Machado; dupla terá de esperar mais para sentar lado a lado
na instituição

O jornalista
Merval Pereira, do jornal O Globo e membro da Academia Brasileira de Letras,
sem dúvida vai votar no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para ocupar a
cadeira 36 da instituição. Não porque FHC será candidato único ou porque é
tucano, mas mais provalmente pelo permanente enobrecimento da Casa de Machado
etc.

No entanto, Merval é o maior
derrotado, dentro da ABL, pela iminente entrada de Fernando Henrique pelas mãos
do ex-presidente e também imortal José Sarney. Ocorre que Merval já despontava
entre seus pares como cabo eleitoral do ex-presidente do Supremo Tribunal
Federal, Carlos Ayres Brito, para a mesma Academia. Autor do livro ‘Mensalão –
O dia a dia do mais importante julgamento da história política do Brasil’, seu
segundo trabalho (Merval tornou-se acadêmico com apenas uma obra, um livro que
reúne suas colunas publicadas em O Globo), o jornalista teve Ayres Britto como
autor do prefácio do trabalho.

O fato de Mensalão, a obra, não ter
figurado entre as mais vendidas, encalhando, na prática, nas livrarias, não é
importante. Com a parceria, firmou-se entre Merval e Brito uma bela aliança.
Com vistas à repercussão na ABL, Brito já tem tudo pronto para lançar um volume
com suas poesias – e contava com o talentoso Merval para trabalhar por sua
candidatura. Nada mais natural, de resto. Se Merval o convidou para prefaciar,
como não o chamaria para entrar na famosa Casa? Não seria o gesto de um
cavalheiro, quanto mais de um imortal.

O ex-presidente José Sarney, ciente,
não gostou da articulação da dupla. Segundo amigos de Sarney no Maranhão, ele
ainda lembra dos tempos em que Ayres, quando foi candidato pelo PT a deputado
federal, em 1990, em Sergipe, surgia como uma possível nova liderança
partidária no Nordeste. Naquela campanha, Ayres tornou-se conhecido como
“Carlinhos do PT”, mas não foi eleito.

Nomeado por Lula para o STF, Ayres
continua a sonhar em ser um acadêmico ao lado de Merval, a quem admira. Mas,
agora, como Sarney se adiantou no lançamento à vaga cadeira 36, oferecendo o
nome do já imbatível Fernando Henrique, Ayres terá de esperar uma próxima
oportunidade. Ela ocorrerá, como sempre, apenas na morte de algum titular. Até
lá, melhor seria, antes, seu amigo Merval procurar Sarney para o caso de querer
dicas de quem realmente tem influência na Academia.

 

247

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *