Público aprende a dançar tambor de crioula em oficina na Galeria Trapiche

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“Eu tenho isso desde pequena, sempre quis cuidar de tambor de crioula. Não canso porque é uma história viva dos meus antepassados”, conta a mestra Maria do Coco, que ministrou a oficina “Africanidades em Canto e Dança”, na Galeria Trapiche Santo Ângelo, equipamento de cultura da Prefeitura de São Luís. A oficina é a primeira programação do grupo como Ponto de Cultura. Na ocasião a mestra e integrantes do grupo ensinaram como é feita a dança, com saias disponíveis para os participantes usarem, e o toque dos tambores.

Teve gente que veio de longe para aproveitar a programação. A educadora Amanda Farias Machado, 39 anos, é um exemplo. Ela mora na cidade de Alto Paraíso de Goiás (GO) e veio passar as férias em São Luís, acompanhada pela filha e pela mãe.

“Nunca tinha tido contato assim com o tambor de crioula. Achei linda a dança e o Maranhão é muito rico culturalmente”, disse . A mãe da Amanda, a funcionária pública Lúcia Farias, de 65 anos, aponta que a oficina é muito boa para manter viva a tradição e tirar um pouco o público da cultura massificada da televisão.

A mestra responsável pela oficina, Maria dos Santos Cantanhede, mais conhecida como Maria do Coco, é a única mestra de cultura maranhense com título oficial Federal e Estadual. Os outros que existem são todos homens. Ela coordena o Tambor de Crioula Manto de São Benedito, que dá nome a uma Associação Cultural localizada no bairro Cidade Olímpica, em São Luís-MA. No primeiro semestre de 2017, a Associação passou a fazer parte da Rede São Luís de Pontos de Cultura, iniciativa da Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), em parceria com o Ministério da Cultura.

Na dança, uma ou duas mulheres dançam segurando uma imagem de São Benedito dentro de um círculo formado por outras mulheres, todas vestindo saias rodadas. O convite para sair ou entrar no meio da roda é feito pela punga, que acontece quando uma mulher encosta o quadril na outra. Os homens tocam os tambores e cantam.

Iete Abreu, de 70 anos, é uma das coreiras que acompanham o grupo e explica que o tambor de crioula é um balé rústico. “No balé tradicional, o pé permanece muitas vezes levantado. Já o tambor de crioula é pé no chão e tem que ter um gingado de cintura de fêmea que quer arrumar um namorado”, brinca a dançarina, com um sorriso no rosto.

O projeto prevê oficinas em escolas públicas, especialmente de ensino médio, além de outros espaços abertos, que irão acontecer até dezembro de 2017. A proposta é articular professores de Arte que possam facilitar as intervenções dentro das escolas. Também serão realizadas oficinas no aniversário do grupo de Tambor de Crioula, dia 21 de setembro, e no Dia de Cosme e Damião, 27 de setembro.

A professora Claudia Matos, que faz parte da organização da oficina, conta que realizar o evento na Galeria Trapiche é importante porque reforça a ideia da Rede, a integração dos pontos de cultura com outras possibilidades de arte, com outras pessoas, com a formação e a transmissão desse conhecimento para novas gerações.

A história do Tambor de Crioula Manto de São Benedito se confunde com a história da mestra Maria do Coco. O grupo foi criado em 1943 no município maranhense de Guimarães, pela bisavó da Maria. Depois a direção foi transferida para a avó materna, após para a avó paterna, em seguida para a mãe e, em 1977, chegou às mãos da mestra, que completa 40 anos à frente do grupo.

No final da década de 1990, o grupo de tambor se mudou para São Luís. Para ajudar no sustento da dança folclórica, a mestra Maria passou a vender coco verde em uma barraca em frente ao Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, no Centro Histórico de São Luís-MA. O grupo tem 35 integrantes, entre tocadores e coreiras das comunidades Cidade Olímpica e Coroadinho. A diretoria da Associação é composta por 12 pessoas.

A Rede São Luís de Pontos de Cultura foi lançada no dia 5 de julho, no Cine Teatro da Cidade, no Centro Histórico de São Luís, e prevê a premiação de R$ 43.350,00 distribuída entre 40 organizações culturais como Pontos de Cultura. A segunda fase é a capacitação de 80 pessoas que serão multiplicadoras em suas regiões de temas prioritários para o desenvolvimento da economia da cultura local e para articulação em rede, alinhados com as políticas do Sistema Nacional de Cultura, do Plano Municipal de Cultura de São Luís e da Política Nacional do Programa Cultura Viva.

Ao longo do projeto, que encerra no dia 10 de outubro, serão realizadas seis oficinas, com os temas Cultura de Rede, Redes Associativas, Cultura Empreendedora, Comunicação Comunitária, Elaboração de Projetos Culturais e Comunicação Visual. Ao todo, nove macrorregiões estão incluídas na Rede São Luís de Pontos de Cultura, englobando 20 bairros da capital. A rede maranhense é uma das mais plurais do país, apresentando 14 diferentes segmentos culturais: Teatro, Dança, Tambor de Crioula, Bumba Meu Boi, Centro Cultural, Capoeira, Cultura e Educação, Escola de Samba, Bloco Tradicional, Mídia Livre, Moda, Festa do Divino, Música e Ocupação Cultural.

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