Vergonha: “Não me deram chance de defesa”, diz médico nigeriano

Com informações do Imirante

O médico nigeriano Kingsley Ify Umeilechukwu, preso no sábado (23),
sob a suspeita de estar exercendo, ilegalmente, a medicina no Maranhão, disse
nesta quinta-feira (28) que não entende o motivo de ter sido preso. E ele alega
que fez os procedimentos conforme orientação do médico plantonista, Ubiratan
Amorim.

Kingsley diz que não recebia pagamento financeiro para
acompanhar os médicos, e que a única retribuição eram ajudas de custo em
combustível e alimentação, pagas pelos médicos plantonistas. Sobre o tempo
dedicado a estes “acompanhamentos”, Kingsley remete ao ano passado e que estes
trabalhos teriam sido feitos nas cidades de Pinheiro, Mirinzal e Bacuri.

Ele não sabe dizer se os prefeitos e os secretários de
saúde sabiam da presença dele nos plantões.

O prefeito de Mirinzal, Amaury Almeida informou à TV
Mirante
, por telefone, que Kingsley não fazia parte do quadro de médicos do
município, e que não sabia que ele estava tirando plantão no hospital. O
prefeito negou, ainda, que não tinha vacina. Segundo ele, o posto de saúde
funciona 24 horas por dia.

O Atendimento

Kingsley refuta a versão da polícia de que estaria
exercendo, ilegalmente, a medicina. Ele diz que estava apenas acompanhando o
médico plantonista e que quando o paciente chegou ao hospital de Mirinzal, com
uma mordida de cachorro, conversou com o médico sobre qual seria o atendimento.
“Ele estava no telefone, mas eu fui conversar com ele, que me orientou a fazer
a lavagem, passar o anti-inflamatório e indicar o posto de saúde para que ela
recebesse a vacina. Eu escrevi o que deveria ser feito e o médico foi quem
assinou”.

O médico Ubiratan, que Kingsley afirmou estar de
plantão, no entanto, apresentou outra versão em entrevista, por telefone, à
TV Mirante
. “Eu não estava de plantão. Eu passei o plantão para ele”,
afirmou o médico.

A Prisão

Alguns dias depois, a paciente atendida por Kingsley e
pelo Dr. Ubiratan Amorim morreu, vítima de raiva. No fim de semana seguinte,
enquanto estava no hospital, Kingsley foi surpreendido por uma equipe de
policiais que o levaram preso à Delegacia de Mirinzal. O motivo da prisão:
exercício ilegal da medicina, segundo os policiais.

Sem Defesa

“Não deixaram eu me defender. Eles disseram que meu
diploma era falso, colocaram-no contra a luz para ver a mancha d’água e ficavam
o tempo todo debochando”. Depois de tudo isso, o pior momento, ainda de acordo
com o médico nigeriano, foi vivido na Secretaria de Segurança, durante
apresentação feita pelo secretário Aluísio Mendes: “Eu ouvi todos dizendo
muitas coisas e nem pude me explicar à imprensa. Eu disse ao policial que
queria falar, mas ele falou que eu seria levado a uma sala e de lá para a
Triagem” (Centro de Triagem do Complexo Penitenciário de Pedrinhas).

Liberdade

Kingsley permaneceu preso por três dias: de sábado a
segunda-feira, sendo solto na terça-feira (26). Durante todo este tempo, ele
ficou na Delegacia de Pinheiro, veio transferido para São Luís e ficou na
Delegacia do Bequimão, sendo levado, em seguida, para o Centro de Triagem, e solto
um dia depois.

Reparação do Erro

O médico é enfático ao cobrar uma reparação pelo que
houve. “Eu sou médico formado. Fiquei sete anos na Universidade e não estava
clinicando nem receitando sem a supervisão de um médico autorizado. Ainda não
sei o que vou fazer com relação a tudo isso que aconteceu e espero uma
orientação do meu advogado. Certo é que vou me dedicar e estudar para receber
logo o revalida”, diz o médico, referindo-se ao programa de revalidação do
diploma de medicina no Brasil.

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