Facção criminosa PCM tem estatuto com sete mandamentos

Imparcial

Depois da revelação de uma página na rede social
Facebook, que seria da facção criminosa conhecida como “Bonde dos 40”, agora
foi a vez de vir a público um manuscrito que seria o estatuto de outra facção
criminosa, autodenominada “Primeiro Comando do Maranhão (PCM)” e que conta com
sete “mandamentos”, que serviria como regras para os integrantes do grupo
criminoso.

O “documento”, que foi escrito em uma folha de
caderno, foi descoberto em 2011, durante uma vistoria da Comissão de Direitos
Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Maranhão (OAB/MA), ao prédio da
Casa de Detenção (Cadet), que integra o Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
Entretanto, apenas agora, o manuscrito chegou até a imprensa. De acordo com o
“documento”, o estatuto, assim como o PCM, teria sido fundado no dia 8 de
novembro de 2003 e no dia 4 de janeiro de 2011, data em que os “mandamentos”
teriam sido escritos, estes foram expandidos.

Entre as sete regras presentes no tal estatuto,
destaca-se o 4º, que diz que “o comando não apoia e nunca vai apoiar qualquer
discriminação contra qualquer preso, sendo da capital ou do interior, porque
somos todos iguais perante o crime”. No último ponto do manuscrito, o
“documento” diz que “a traição será sujeita a morte ou exclusão do comando”.

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Luís
Antônio Pedrosa, o “documento” foi encontrado dentro de uma lixeira da Cadet no
início do ano de 2011, quando a facção criminosa Primeiro Comando da Capital
(PCC), originária da cidade de São Paulo, começava a se espalhar por outros
estados, incluindo o Maranhão.

“Esse estatuto mostra a possível data em que essa facção criminosa começou a se
expandir pelo estado, quando ela começou, de fato, a se estruturar. Ela teria
sido formada para funcionar como um braço do PCC aqui no Maranhão”, explica.

Pedrosa conta ainda que, ao ser encontrado na Cadet, o
manuscrito foi levado ao conhecimento das autoridades competentes, como a
Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) e a Secretaria de
Segurança Pública (SSP). Porém, segundo, o presidente, nenhuma providência teria
sido tomada pelos órgãos.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos diz
ainda, que é necessário que se investigue e combata a cadeia produtiva do crime
organizado, que segundo ele, tem sua raiz no tráfico de drogas e de armas, que
ocorre fora e dentro do sistema carcerário maranhense.

“A polícia maranhense continua tratando o crime
organizado no Maranhão como se fosse criminosos comuns. A violência que
aterroriza hoje a população do estado não é mais uma violência de rua, mas uma
violência resultante de ações criminosas organizadas e patrocinadas pelo
tráfico de drogas e de armas”, alerta Pedrosa.

Para não legitimar o crime

O secretário-adjunto da Secretaria de Justiça e
Administração Penitenciária (Sejap), Késsio Rabelo, disse a reportagem de O
Imparcial, que a secretaria tem conhecimento do manuscrito encontrado na Casa
de Detenção, mas que o “documento” não deve ser legitimado, uma vez que é uma
espécie de código de uma facção criminosa, que funcionaria como um conjunto de
regras dentro do grupo.

“Não podemos legitimar esse tipo de código de gangues,
que somente servem como uma espécie de código de conduta dos apenados. Dar
visibilidade a esse código é dar ‘ibope’ para eles. E o Estado não pode se
curvar a essas gangues, mas combatê-las”, comentou.

O secretário disse ainda, que a Sejap, vem reforçando
as ações de monitoramento de possíveis ações dos grupos criminosos dentro e
fora dos presídios, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Késsio conta, que outra ação realizada pela Sejap é a transferência para
unidades prisionais diferentes, de presos, que forem identificados como
integrantes desses grupos.

Pacto contra as drogas

Késsio Rabelo adiantou a reportagem de O Imparcial,
que está marcada para o próximo dia 7 de novembro, uma reunião onde deverão
estar presentes representantes da Sejap, SSP, OAB/MA, Secretaria de Estado de
Direitos Humanos, Assistência Social e Cidadania (Sedihc), além de
representantes de igrejas e de escolas públicas e particulares. O objetivo da
reunião é a proposta da assinatura de um pacto entre os órgãos, para a erradicação
do tráfico de drogas no estado.

“A droga é um problema social e até de saúde pública.
A solução desse problema passa por vários agentes sociais e precisa ser
trabalhado em várias instâncias e não apenas na punitiva. Evitar que o tráfico
chegue nas comunidades, nas escolas e em outros locais significa evitar a
crescimento desses grupos criminosos e para isso, a participação de todos é de
suma importância. É preciso fazermos um grande pacto contra a violência e
contra as drogas”, explicou.

Veja o que diz os
“sete mandamentos” do PCM

PCM – Estatuto
fundado em 08/11/2003 foi expandindo a todos em 04/01/2011
1- Um por todos e todos por um
2- Nunca tomar uma atitude precipitado sem antes informar o comando
3- Nunca usar o nome do comando em vão
4- O comando não apoia e nunca vai apoiar qualquer descriminação contra
qualquer preso, sendo da capital ou do interior porque somos todos iguais
perante o crime
5- Transparência a todos os irmãos do comando
6- Lealdade acima de tudo
7- A traição será sujeita a morte ou exclusão do comando

 

1 pensou em “Facção criminosa PCM tem estatuto com sete mandamentos

  1. Estamos todos na mira de armas, e não podemos fazer nada. as autoridades riem dessa situação, eles estão protegidos em seus carros blindados, mas nós estamos nas ruas, andando de onibus, levando nossos filhos para a escola enquanto as facções fazem suas vitimas. Até quando?

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