Reynaldo Gianecchini: “Nunca tive um romance com um homem”

O fuxico.com

Reynaldo Gianecchini abriu o coração na emocionante,
esclarecedora e otimista entrevista que deu à revista Época que está nas
bancas. Em um vasto relato, o ator fala da descoberta do câncer no sistema
linfático, do doloroso tratamento e se defende dos boatos que se seguiram como
supostamente ser gay e portador do vírus da aids. O galã, após tratamento de
quimioterapia, se submeteu a um autotransplante de medula em busca da cura da
doença. Recuperado, ele já teve alta médica para trabalhar. Vislumbrando o
futuro e a perpetuação de seu DNA, Giane ainda revela que só agora pensa em ter
um filho.

Confira os principais tópicos da entrevista:

Curado?

“A operação de medula para mim foi um renascimento.
Meu transplante é um pouco menos cabeludo do que os que se fazem com a medula
de outra pessoa, quando pode rolar uma rejeição. Eu super me aceitei (risos).
Meu transplante foi nada mais que uma quimioterapia muito pesada. Eu sabia que
seria duro, mas não tinha noção. É uma quimioterapia que mata sua medula, aí
você toma suas células de novo, as que foram salvas e são sadias. E essas
células vão se reproduzindo para formar uma nova medula. Foi o único momento de
meu tratamento em que eu pensei caramba, será que aguento isso? É muito penoso.
Seu corpo inteiro, por dentro, fica em carne viva. Não para nada dentro. Você
come, vomita, tem diarreia. Comer ainda está uma briga, porque eu não tenho
apetite.”

A imunidade

“Logo após o transplante, imunidade zero, por não ter
mais medula. Você fica com febre, fica sujeito a tudo. Eu, graças a Deus, não
tive nenhuma infecção. (…). A boa notícia é que a operação é intensa, mas
rápida. Em nove dias, minha nova medula já tinha “pegado”. Aí você é um bebê. A
gente perde todos os anticorpos, tem de tomar todas as vacinas de novo.”

Exames

“Tenho de fazer exame de sangue sempre, porque ainda
estou sujeito a pegar qualquer bactéria. São seis meses de acompanhamento mais
profundo. Na verdade, são cinco anos de acompanhamento. Posso viajar, mas não
posso ficar dando mole. Não posso ficar com gente gripada. Uma coisa meio chata
é que, na minha peça em São Paulo, não vou poder receber as pessoas no camarim,
ficar abraçando, beijando. “

A descoberta do câncer

“ Meu médico me ligou e disse: ‘É. Vai para o hospital’.
Minha mãe estava na cozinha aqui em casa fazendo comida. Pensei: ‘como vou
falar isso para minha mãe, se o marido dela, meu pai, está com câncer
terminal?’ Era só isso que eu pensava. Sentia muito por minha mãe. Essa é uma
notícia que não dá para rodear. Eu disse: ‘Mãe, eu tenho de ir para o hospital
porque estou com câncer’. Não tinha outra maneira de falar. Ela desligou o
fogão. A gente foi em silêncio absoluto para o hospital.”

Medo da morte?

“O importante para mim era saber que valores eu
precisava rever, qual o sentido de tudo isso. A primeira questão foi, sim, a
morte. Caramba, pensei, a gente age como se não tivesse de lidar com isso.
Estou lidando muito cedo, muito jovem, é claro que não quero morrer agora. Mas
ela está aqui na minha frente. Comecei a fazer terapia para fuçar em mim tudo o
que havia para fuçar, porque era o momento. A gente vive o dia a dia como se a
morte não fosse uma certeza. A gente devia viver sempre com a certeza de que
amanhã a gente pode morrer. Tanta coisa fica tão pequena, tão sem valor diante
da possibilidade da morte. Decidi viver o presente, que é maravilhoso, sem
passado e futuro. “

Suposto HIV positivo

“Foi quando procurei o infectologista por causa da dor
na garganta e dos gânglios. Logo se espalhou o boato: ‘o cara tem HIV’. Nunca
desmenti nada. Porque eu ficaria eternamente nesse jogo. Mas agora acho melhor
falar, até por respeito às pessoas que gostam de mim e nem comentam comigo. Eu
não poderia jamais fazer o tratamento agressivo que fiz se tivesse aids. Primeiro
chequei todos os vírus, todas as bactérias, para depois chegar ao câncer. Por
isso posso dizer com toda a alegria do meu coração para quem se preocupa
realmente comigo: ‘Eu não tenho aids’. Poderia mostrar um exame aqui, mas não é
o caso. Já fui invadido com tantas mentiras absolutamente infundadas. “

Polêmica com ex-empresário

“ Outro caso tratado de forma muito leviana. Essa é
uma história que tem muitos desdobramentos, que envolve dinheiro, bens e
contas. Ele não era meu empresário. Era uma espécie de administrador.
Administrava toda a minha vida profissional e até minha casa. Como eu estava
sempre viajando, precisava de alguém assim. É uma história que vai levar dez
anos na Justiça. Eu o estou processando, porque tem muito dinheiro meu de que
ele precisa prestar conta. Não é uma questão amorosa, definitivamente, que está
em jogo. Não é uma questão homossexual. Fui ameaçado no meu patrimônio maior, a
minha imagem. Mas é uma questão de trabalho, e precisa ser comprovado por A
mais B onde foi parar meu dinheiro.”

Hétero ou bissexual?

“Penso que essa questão da sexualidade é muito mais
complexa do que as pessoas tendem a achar. Cada um tem sua sexualidade. Nunca
tive uma história com um homem, nunca fui casado com um homem, nunca tive um
romance com um homem. Mas a sexualidade, ou a sedução, é outra coisa. A gente é
sexual no dia a dia sem transar. Conheço amigos que seduzem homem, mulher,
seduzem a porta. A gente é mais sensual nos trópicos. Mas essas coisas são
muito íntimas e, no meu caso, sou tão discreto que, se a história está
publicada numa revista como fofoca, pode ter certeza de que é mentira.”

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